Comunicar é condição existencial. Quer seja de forma verbal, presencial, remota ou escrita, a comunicação está em tudo o que fazemos, em tudo que usamos, no que dizemos e no que não dizemos. Toda a nossa vida, trabalho e relações é permeada pela comunicação como instrumento de interação e alcance de objetivos.
No entanto, a inabilidade de se expressar é uma realidade recorrente entre pessoas e profissionais das mais diversas áreas e um dos principais problemas que as empresas enfrentam para obter resultados pois as falhas de comunicação levam à má compreensão de objetivos e inevitavelmente ao esforço inútil e sem foco. A informação mal transmitida e mal digerida causa conflitos nas equipes, o que, além de improdutivo, é desgastante para todos os envolvidos.
Neste contexto, a assertividade na comunicação pode ser uma solução para tais embates. A assertividade é a habilidade de agir com sinceridade, sem vergonha, medo ou hostilidade. Comunicar de maneira assertiva é expor claramente suas posições, opiniões e sentimentos de forma equilibrada, sem negar os alheios, sem confrontos ou constrangimentos. O assertivo é aberto, tolerante e flexível, busca defender seus desejos, sem ignorar os dos outros, é direto, mas mantém o respeito, ouve e procura entender outras perspectivas, aceita acordos e soluções integradoras.
Muitas pessoas, no entanto, adotam uma postura passiva em suas relações interpessoais. A comunicação passiva é caracterizada pela dificuldade de dizer “não” a pedidos e convites que não lhe interessam, bloqueio para expressar os seus sentimentos, dificuldades em fazer críticas sem se sentir culpado, incomodo em mudar de opinião. O passivo está sempre evitando situações de confronto e abordagem direta, cede facilmente, é muito preocupado com aprovação social, tem pouco contato visual, se justifica excessivamente, age com atitude defensiva, está sempre fugindo de assuntos e pedindo desculpas e autorização. Agindo assim, a pessoa passiva é costumeiramente ignorada por terceiros. Esse comportamento passivo é fruto de sentimento de medo, sensação de ameaça e insegurança.
A comunicação agressiva está em um polo extremo oposto à passividade. O agressivo costuma apresentar um comportamento de hostilidade, insultos, ameaças, pressão, grosserias e intimidação. Caracteriza uma comunicação agressiva o tom de voz alto, a interrupção da fala do outro, a apresentação de sua visão como verdade absoluta, a atribuição de culpa do outro e a indiferença ao conhecimento e visão alheia. O agressivo é ansioso por vencer, possui máximo contato visual e atitude de confronto. Pessoas que agem assim geram relações e clima de tensão e conflitos e ainda que consigam atingir seus objetivos, acabam por gerar ódio e ressentimentos.
Porém, nada nada está perdido. A comunicação assertiva é uma habilidade que pode ser construída. É uma questão de prática. Por isso, sugerimos algumas orientações apresentadas por autores consagrados no tema, dentre eles, Emmon e Albert (1978); Rosenberg (2006) e Mcshane (2014) para que a assertividade e a comunicação não-violenta torne-se uma realidade.
Tenha um objetivo claro
Em qualquer situação e diálogo, deve-se saber qual resultado é pretendido. Foque no objetivo final, isso fará com que a discussão tenha agilidade. Não perca de vista o seu objetivo, não se deixe levar pelas emoções.
Observe sem avaliar
Rosenberg (2006) pontua que “um tipo de comunicação alienante da vida é o uso de julgamentos moralizantes que subentendem uma natureza errada ou maligna nas pessoas que não agem em consonância com nossos valores”. Culpar, insultar, rotular, desmerecer, comparar são formas de julgamento. É necessário despir-se deste tipo de comportamento pois classificar e julgar os indivíduos gera violência e dificulta a compreensão.
Inclua o interlocutor
Olhe nos olhos, ouça, expresse contato visual com o outro, mantenha a cabeça ereta, posicione-se de frente para o seu interlocutor, expresse-se através do sorriso, do aceno com a cabeça. Todos esses gestos sinalizarão a ele que você está atento e interessado no que ele tem a dizer. Faça perguntas para esclarecer o assunto. Se necessário, repita as palavras do interlocutor para averiguar se a interpretação corresponde ao que foi dito.
Se necessário, fique em silêncio
O silêncio pode possibilitar a quem escuta ganhar tempo para processar o que foi dito e para estruturar os pensamentos antes de uma resposta apressada. Estar em silêncio pode ser mais útil do falar. Isso não significa ser indiferente, ficar mudo e sair calado, mas refletir por alguns segundos.
Argumente com exemplos
Aqui, busque por evidências. Evite imprecisões ou generalizações demasiadas. Ao argumentar e criticar, seja específico. Aponte datas, horários, tarefas, metas não alcançadas, situações específicas que comprovem o argumento. Ao usar exemplos e histórias, você ajuda o outro a fixar a mensagem e a ouvir sua perspectiva com mais tranquilidade.
Mantenha o respeito
Muitas vezes temos que conversar sobre assuntos delicados. Nestes momentos, demonstrar respeito é extremamente importante, além de levar os argumentos do outro em consideração. Mostre que a conversa é uma via de mão dupla e que você está acessível para ouvir também. É possível ser firme sem ser agressivo. Cuide do tom e do volume da voz para que ambos se mantenham dentro da esfera do respeito. Ao criticar, tenha foco no comportamento inapropriada. Seguindo estes cuidados, é possível ajudar alguém a ter uma atitude mais adequada dando orientações claras.