Vejo o nosso bom e velho amigo rádio, que tantas vezes teve sua “morte” anunciada, como o Benjamim Button das mídias eletrônicas.
É um velho conhecido nosso, mas sempre antenado – peço licença para o trocadilho meio que proposital – com a modernidade.
Neste setembro, essa mídia completou 102 anos no Brasil e está prestes a completar o primeiro centenário de sua chegada no amazonas, em 2025.
Diante de um século de história, de um rádio hoje televisionado e conectado a novas tendências, o que ainda vem por aí?
Memórias
Nas minhas primeiras memórias de infância ele está lá: uma música, um locutor com voz tão familiar quanto a dos meus pais, um noticiário comercial do tipo chiclete ou a transmissão daquela partida que não passava na TV aberta.
Lembro também do meu pai, seu Ronaldo, “brincando” de apresentador de rádio com um antigo toca-discos num dos quatro cantos da sala de casa. Isso, com certeza, me inspirou a querer atuar na área de comunicação.
Esses laços afetivos fazem dessa mídia quase que um familiar nosso, presente em nossos lares todos os dias com um bom dia, boa tarde, boa noite, a hora certa, o tempo, o trânsito e a trilha sonora do momento.
Rádio e algumas datas
Setembro é um mês especial para o rádio.
No dia 25, por exemplo, é comemorado o Dia Nacional do Rádio, data que lembra o nascimento de Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no país, um educador que viu no rádio o propósito de ser o “o jornal de quem não sabe ler e o mestre de quem não pode ir à escola”.
Foi ele que, ainda neste nono mês do ano, no dia do centenário da Independência (7/9) em 1922, tornou possível a primeira transmissão radiofônica no Brasil, que teve um discurso do presidente Epitácio Pessoa e a ópera O Guarani, do compositor brasileiro Carlos Gomes.
No dia 21, mas em 1943, o então presidente Getúlio Vargas assinou a lei que criou um piso salarial para a profissão. Durante muito tempo essa data foi usada como o Dia do Radialista, mas foi mudada em 2006, pelo então presidente Lula da Silva, para 7 de novembro, uma homenagem ao músico e radialista Ary Barroso.
“Alô, alô, amiga(o) ouvinte!”
Começo assim o programa Rios do Conhecimento, que tenho a grata satisfação de coordenar e apresentar na Rios FM junto a outros futuros profissionais comunicadores que também enxergam o grande potencial dessa mídia.
Com essa frase, rememoro os tempos em que comecei atendendo telefonemas dos ouvintes nos bastidores da produção de um programa radiofônico, busco uma conexão mais próxima com os que hoje nos ouvem e assiste!
Sim, não é mais estranho dizer: “vou assistir a um programa de rádio”. Afinal, os estúdios hoje tem câmeras e você acompanha nas principais plataformas e streamings por aí.
Ontem, hoje e amanhã
O fato é que, neste pouco mais de um século de existência, o rádio é a mídia que sempre melhor se adaptou em meio a mudanças tecnológicas, como a chegada da televisão e da internet.
Uma mídia que hoje não se define mais pelo aparelho, mas pela linguagem, seja por meio da sintonia ou conexão; na programação da emissora ou no podcast a qualquer hora ou lugar, em casa, no trabalho, na rua.
Emprestando o slogan da Rios FM, o rádio é hoje a mídia que segue ligando todo o Amazonas, a Amazônia, o Brasil, a América, o mundo e quiçá, em breve, parte do sistema solar, com nossa exploração espacial em pleno curso.
O rádio esteve presente no passado e estará no futuro.