Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nos últimos dias, a região amazônica enfrenta uma vazante que está afetando o nível do Rio Negro, com indícios de uma seca severa. De 19 de setembro a esta terça-feira, 26/9, o rio que banha a capital amazonense reduziu 2,62 metros. Com uma média de queda diária de 30 centímetros, as pesquisas de monitoramento alertam para a possibilidade de que esta seca bata recordes, caso a tendência continue até o final de setembro.
Nesta terça-feira, 26, o nível do rio atingiu 16,74 metros. A maior seca registrada na história do Estado ocorreu em 2010, quando o nível do Rio Negro, em Manaus, atingiu apenas 13,63 metros.
A atual situação do Rio Negro tem causado desafios aos trabalhadores do Porto da Manaus Moderna, que precisam percorrer longas distâncias para abastecer e desabastecer embarcações, algumas delas, inclusive, estão encalhadas nas margens do rio.
As descidas médias diárias de 30 centímetros no Rio Negro em Manaus indicam que os níveis estão abaixo da faixa da normalidade para o período. Essa situação delicada se estende por várias bacias fluviais da região, como relatado no último Boletim de monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), datado em 22 de setembro.
Vazante no Interior
A Defesa Civil atualizou o relatórios de municípios que já estão em estado de emergência, e o município de Tonantins é o mais recente a entrar nessa situação crítica, totalizando 15 até o momento.
Além disso, outros 40 municípios estão em estado de alerta, enfrentando um cenário delicado com riscos elevados de problemas decorrentes da vazante. A situação dos municípios é monitorado pela Defesa Civil do Amazonas, por meio do Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa), que observa quedas significativas nos níveis dos rios em toda a região.
Situação semelhante em outras regiões
Em Manaus, o Rio Negro apresentou descidas médias diárias de 32 centímetros, com os níveis registrados abaixo da faixa da normalidade para o período. As bacias dos rios Branco, Solimões, Purus, Madeira e Amazonas também enfrentam reduções nos níveis, com algumas áreas atingindo as mínimas históricas para esta época do ano.
Os padrões de comportamento dos níveis dos rios na região são igualmente preocupantes. Na bacia do Rio Branco, Boa Vista enfrenta uma vazante regular, com níveis próximos das mínimas históricas. Em Caracaraí, a recessão persiste, embora os níveis ainda sejam considerados normais para a época.
Na bacia do Rio Solimões, Tabatinga experimentou uma das maiores vazantes registradas, com níveis abaixo da normalidade. Em Fonte Boa, as descidas são regulares, enquanto Itapéua e Manacapuru enfrentam descidas acentuadas, com níveis abaixo do esperado.
A bacia do Rio Purus, com o Rio Acre em Rio Branco, mostra oscilações e níveis abaixo do esperado, enquanto o Rio Madeira em Humaitá apresenta cotas no limite da faixa da normalidade para a época.
No Rio Amazonas, as descidas acentuadas foram registradas em estações como Careiro da Várzea e Itacoatiara, com níveis abaixo do normal. Em Parintins, os níveis estão no limite da faixa da normalidade para a época.
Esta seca severa na Amazônia é um alerta para a necessidade urgente de preservação ambiental e medidas de adaptação para lidar com as mudanças climáticas que afetam não apenas a região, mas também comunidades, com um forte impacto na navegação entre os municípios e no abastecimento de mercadorias.