Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O deputado estadual e candidato a prefeito de Manaus, Roberto Cidade (União), terá que se explicar no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a manobra que mudou a Constituição Amazonense para sua reeleição antecipada como presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), pela terceira vez consecutiva. Mas essa não é primeira polêmica relacionada a sua atuação na Casa Legislativa.
Em dezembro de 2020, Roberto Cidade foi eleito presidente da Aleam pela primeira vez, com o voto de 16 dos 24 parlamentares daquela legislatura.
Naquele ano, a deputada Joana Darc (União) acusou Cidade de trair o governador Wilson Lima (União) e afirmou que Roberto Cidade ofertou 200 mil reais para comprar os votos dos deputados para se eleger presidente da Casa Legislativa.
“Deputado Roberto Cidade foi atrás de comprar voto dos colegas deputados estaduais. E eu digo o valor, porque ele não chegou a falar comigo, mas aqui todo mundo fica sabendo das coisas. O voto era R$ 200 mil”, acusou Joana, que viria passar depois da declaração por um processo na Comissão de Ética da Casa Legislativa.
Seis meses depois, em junho de 2021, Joana Darc, com risco de perder seu mandato à época, subiu à tribuna com o filho no colo, para pedir desculpas por ter feito uma denúncia a qual classificou como “injusta e leviana”. Ela citou nominalmente todos os deputados que acusou de terem recebido R$ 200 mil para votar em Cidade.
Mirando as Eleições de 2022, todos superaram tais acusações e migraram para União Brasil, como aliados partidários. Cidade era do Partido Verde (PV), Joana Darc do Partido Liberal (PL) e Wilson Lima do Partido Social Cristão (PSC). Unidos, todos foram reeleitos com recordes de votos.
STF cobra explicações
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, pediu na quarta-feira, 25/9, que o deputado estadual e candidato a prefeito de Manaus Roberto Cidade e, o governador do Amazonas Wilson Lima, se expliquem sobre a manobra que mudou a Constituição Amazonense para a reeleição antecipada de Cidade à presidência da Aleam.
Roberto Cidade cumpre o segundo mandato como presidente do parlamento estadual, além de já estar garantido para um terceiro a partir de 2025. A alteração na Constituição Estadual fez com que a eleição para a Mesa Diretora fosse realizada a qualquer momento durante o primeiro biênio, o que, anteriormente, só poderia acontecer no final deste ano.
Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) protocolada pelo Partido Novo, em 14 de setembro, pede a concessão de medida cautelar de urgência para suspender a eficácia da Emenda Constitucional, além de pedir a suspensão do resultado da eleição realizada com base nas suas alterações.
Acusações superadas?
Em entrevista à Rádio Band News Difusora no dia 2 de setembro deste ano, o candidato a prefeito Roberto Cidade comentou sobre as acusações feitas pela deputada estadual Joana Darc em 2020. Ele explicou o contexto das acusações e o motivo pelo qual o pedido de impeachment contra Joana Darc foi arquivado.
“Eu fui eleito em 2020, com 16 votos, naquela eleição dura do dia 3 de dezembro e com certeza, naquele momento, a deputada estava exaltada, passando por um momento muito crítico. Nós fomos eleitos e, no momento em que tomei posse, logo após, a deputada foi lá e se retratou, pediu desculpas a todos os deputados, falou que estava num momento muito ruim e não era o que ela queria falar”, disse Cidade.
O presidente da Aleam destacou que hoje mantém uma boa relação com Joana Darc, especialmente por estarem no mesmo partido, o União Brasil.
“Naturalmente, que alguns deputados entraram com pedido de impeachment dela, mas pelo fato dela ter se retratado publicamente, nós definimos arquivar o processo porque aquilo foi uma inverdade”, justificou Roberto Cidade.