Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Durante uma viagem de mais de quatro mil quilômetros de carro, de Brasília a Manaus, no feriado de Carnaval, foram constatados graves problemas de infraestrutura, ausência de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), precariedade no atendimento de saúde, desmatamento e possíveis irregularidades na manutenção da BR-319. A situação expõe as condições da rodovia, essencial para a ligação terrestre do Amazonas com o restante do país.
O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) percorreu o trecho e destacou que a situação do local é “insustentável”, afetando diretamente quem depende dele para transporte, saúde e segurança
Infraestrutura precária e riscos de acidente
O parlamentar relatou que ficou preso duas vezes na BR-319 devido às condições da estrada e precisou ser resgatado por pedestres e um grupo de jipeiros. Ele e sua equipe sofreram dois acidentes devido ao barro extremo na pista.
“Ficamos presos duas vezes na BR, precisamos ser resgatados ali por um grupo de transeuntes e por um grupo de jipeiros que estava passando. Sofremos dois acidentes, rodopiamos na pista por conta do barro extremo. Vivemos ali de perto aquilo que a população vive no período de chuva na BR-319″, disse o deputado.
Falta de fiscalização da PRF
Outro problema constatado durante o trajeto foi a inoperância dos postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao longo do percurso.
“Todos os postos de fiscalização da PRF onde eles existem estão completamente inoperantes. Nenhuma carreta, nenhum bitrem foi parado ao longo desses mais de quatro mil quilômetros. Nós não vimos nenhuma blitz, nenhuma fiscalização”, revelou o parlamentar.
Essa falta de controle facilita o tráfico ilegal de mercadorias e a circulação de veículos de grande porte sem inspeção adequada, aumentando ainda mais o risco de acidentes na rodovia.
Atendimento de saúde
A infraestrutura deficiente da BR-319 também impacta diretamente o atendimento de saúde para comunidades próximas. Municípios como Manicoré e Lábrea enfrentam dificuldades no socorro de pacientes, que muitas vezes precisam buscar atendimento em Porto Velho (RO), devido à falta de estrutura local.
“Temos o relato de um motociclista que morreu durante a travessia porque não tinha como ser socorrido. Quem passa mal em um desses municípios, como Manicoré ou Lábrea, não consegue ser atendido. Muitas vezes essas pessoas precisam recorrer ao Sistema Único de Saúde de outro estado, de Rondônia, ir a Porto Velho”, disse.
Para ele, a falta de atendimento de emergência independe da pavimentação da BR-319: “Se não for para asfaltar, então nós precisamos ter ambulâncias preparadas para atravessar esse trajeto.”
Desmatamento e impactos ambientais
Durante o percurso, o deputado constatou diversos trechos de desmatamento e degradação ambiental, agravados pela falta de fiscalização.
“Vimos muitos trechos com desmatamento e áreas degradadas com planos de recuperação, especialmente após o trecho do meio vindo para Manaus. Infelizmente, a falta de postos de fiscalização mostra que, asfaltando ou não a BR, o desmatamento vai continuar acontecendo”, declarou Amom.
O parlamentar destacou que as ações do governo devem ir além dos discursos e que é necessário um “plano de manejo eficaz para proteger a floresta”.
Manutenção da BR-319
Um dos pontos mais críticos mencionados pelo deputado foi a possibilidade de “corrupção nos gastos com a rodovia”. Segundo ele, os custos de manutenção da estrada de barro podem ser maiores do que se ela estivesse pavimentada.
“Muita gente levantou a possibilidade de os gastos com a manutenção da BR no barro serem até superiores do que se ela estivesse completamente asfaltada e precisassem fazer só a manutenção. Então, para onde esse dinheiro está indo? Quem fiscaliza?”, disse.
Ele sugeriu que há “indícios de desvio de recursos” e ressaltou a importância de investigação sobre os contratos de manutenção da rodovia: “Com certeza, tem ali muito roubo, muita corrupção que precisa ser investigada”.