Patrick Motta Jr – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Cada vez mais pessoas no Brasil deixam de praticar a leitura de livros, segundo dados da pesquisa “Retratos da Leitura”, feita pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) e que ouviu 5.504 entrevistados entre 30 de abril a 31 de julho de 2024 em todo o país. Nos últimos anos, conforme a iniciativa do Instituto Pró-Livro (IPL), houve redução de 6,7 milhões de leitores.
Em busca de debater sobre os problemas e sugerir soluções sobre os dados apresentados, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrevistou o professor e poeta Tenório Telles, e a professora mestra em Letras e Artes, Cleiciane Maia.
Para os docentes, os números revelam uma deficiência que prejudicará a formação de novos escritores e, por consequência, a criação de pessoas preparadas para interpretar a própria realidade.
“Sem a leitura fica muito difícil nós aspirarmos a um objetivo que tem se buscado no nosso país, que é melhorar a qualidade da educação, a qualidade do conhecimento no nosso país. A leitura é fundamental nesse processo, porque quem não lê tem muita dificuldade para desenvolver algumas habilidades que são fundamentais. Em primeiro lugar, a habilidade de compreensão dos textos, a habilidade de interpretação”, afirmou Tenório Telles.
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Tenório relembrou que o problema é um pouco maior já que, geralmente, quem não tem o hábito da leitura também tem dificuldades em escrever. A solução, de acordo com ele, está no investimento na educação do país.
“Nós precisamos ter um plano nacional de educação. O governo federal precisa definir um plano de educação que contemple a formação dos professores, principalmente aqueles que trabalham com as linguagens e, nesse aspecto, eu acho que o fundamento desse plano deve ser o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita”, disse o docente.
Perda de linguagem e contemporaneidade
Quando os dados em torno da leitura se mostram negativos, também surge a preocupação com a formação de novos escritores, que serão disseminadores de conhecimento e da linguagem, por meio da cultura escrita. Foi o que ressaltou a mestra em Letras e Artes Cleiciane Maia, traçando um paralelo com os dias de hoje.
“Quando olhamos os índices, concluímos que houve perda do vocabulário oficial. A falta de contato com as palavras causa o desuso, podendo haver a ‘morte’ do vocabulário’. Isso é preocupante, mas podemos ter esperança quando surgem novas linguagens, como aquelas da rede social, da internet das coisas, tudo aquilo o que o mundo tecnológico traz para a gente”, explicou a professora.
Tanto Cleiciane como Tenório concordam que investir na formação dos futuros leitores é a chave para mudar o cenário atual.
“Já que existe essa realidade, como trabalhar a mudança? A primeira coisa é realizar políticas públicas que trabalhem em cima disso, pensando desde a formação de leitores e escritores na escola até o incentivo no ensino superior”, contou Cleiciane.