Elen Viana – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No dia 21 de setembro é celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Instituída em 2005, essa data tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de desenvolver meios eficazes de inclusão para as pessoas com deficiência na sociedade.
No Amazonas, os desafios enfrentados pela comunidade de pessoas com deficiência são diários. O paratleta amazonense Lucas dos Santos, destaque no halterofilismo, contou ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS sobre os desafios e como o esporte tem sido uma ferramenta de superação.
“Meu processo de inclusão no esporte começou na escola. Sempre gostei de praticar esportes e me interessei ao ver meu irmão na musculação. Depois recebi o convite do meu treinador para participar do halterofilismo. Me adaptei rápido e nunca parei, ganhei algumas medalhas ao longo desse tempo”, disse o paratleta.
Superação e força
Apesar dos desafios enfrentados, Lucas afirma que nunca se deixou abater pelos preconceitos enfrentados:
“Algumas vezes tem aquele olhar, mas eu nunca dei bola para o que as pessoas falavam ou deixavam de falar. O que sempre me guiou foi o que eu pensava de mim mesmo, porque é isso que vai me levar para frente. O meu pensamento e o que eu quero para a minha vida são o que me motivam a ser uma pessoa melhor a cada dia”, concluiu ele.
O Paratleta, que é medalhista de ouro no Parapan-americano e bicampeão brasileiro e mundial júnior na categoria até 49 kg, também enfatizou a necessidade de maior conscientização sobre acessibilidade.
“Em Manaus, a acessibilidade precisa melhorar com urgência, principalmente nas ruas e calçadas. É muito difícil andar pelas ruas da cidade”, desabafou Lucas.
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A luta pela inclusão
Cleizimar Furtado, presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Amazonas (ADVAM) e integrante da comunidade de deficientes visuais, também expôs os desafios diários e como surgiu a ideia de criar a associação sem fins lucrativos para ajudar outras pessoas.
“Nossa maior necessidade é a mobilidade urbana e a falta de sensibilidade nas áreas sociais, especialmente no acesso à saúde. A ADVAM surgiu do ideal de professores, familiares e alunos com deficiência visual, todos comprometidos com a luta por direitos e qualidade de vida. Visando o bem maior da comunidade”, explicou ela.
Mercado de trabalho
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 17,2 milhões de pessoas com deficiência estão fora do mercado de trabalho, representando 8,4% da população. A cada dez pessoas com deficiência, sete encontram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.
A “Lei de Cotas” (nº 8.213/91) exige que empresas com 100 a 200 funcionários destinem 2% de suas vagas a pessoas com deficiência. Cleizimar Furtado destacou a importância da qualificação profissional para que essas vagas sejam preenchidas de maneira adequada.
“Para que as pessoas com deficiência sejam incluídas no mercado de trabalho e alcancem independência financeira, é necessária uma qualificação, desde o ensino técnico até o superior. As cotas existem, mas a profissionalização é essencial”, completou ela.
Definição e categorias
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é considerada deficiente a pessoa que possui impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que dificultem sua participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade com as demais. As deficiências incluem:
- Deficiência física: comprometimento das funções físicas;
- Deficiência visual: dificuldades na visualização de objetos;
- Deficiência auditiva: perda parcial ou total da audição;
- Deficiência mental: funcionamento mental abaixo da média;
- Deficiência múltipla: combinação de duas ou mais deficiências;