Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, trouxe à tona informações em sua delação premiada. Segundo relatos do militar, o chamado “gabinete do ódio”, no governo Jair Bolsonaro (PL), era responsável por disseminar informações falsas e atacar adversários nas redes sociais, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Homologada pela Justiça em setembro, a delação de Cid revelou o funcionamento do grupo de assessores bolsonaristas que, de acordo com o militar, atuava estrategicamente para inflamar as bases do ex-presidente, disseminando conteúdos editados e retirados de contexto nas redes sociais.
O tenente-coronel detalhou o papel de cada ex-assessor do Palácio do Planalto envolvido na estratégia de comunicação digital, incluindo a relação desses integrantes com membros da família Bolsonaro.
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Golpe de Estado
Mauro Cid também confirmou que o ex-presidente consultou militares a respeito de estratégias para realizar um golpe no Brasil e que foi encontrado um esboço de um plano para tal em seu celular, envolvendo a declaração do estado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) de acordo com a Constituição.
O militar foi detido em maio de 2023 devido a irregularidades relacionadas aos registros de vacinação de Bolsonaro.
Em setembro deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu aval para a sua delação premiada, que prometia trazer à tona informações adicionais sobre as atividades supostamente ilegais do ex-presidente no inquérito relacionado às joias e presentes recebidos de autoridades estrangeiras durante seu mandato, de 2019 a 2022.
Carlos Bolsonaro na mira
Segundo o relato, o gabinete era liderado formalmente por Tércio Arnaud Tomaz, nomeado por Bolsonaro para cuidar das redes sociais do governo. No entanto, Cid afirmou que Arnaud obedecia diretamente a Carlos Bolsonaro, o que indicava a influência direta do vereador no comando das ações do grupo.
Arnaud teria passado um período no gabinete de Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro, onde teria recebido treinamento e traçado estratégias para implementar o “gabinete do ódio.”
Outro ponto de destaque na delação de Cid é a identificação de apoiadores de Bolsonaro que atuavam como milícias digitais, espalhando informações nos grupos de aplicativos. Os investigadores agora buscam reunir provas que esclareçam o funcionamento desse grupo e o grau de envolvimento direto da família Bolsonaro.