Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A vereadora de Parintins, Brena Dianná (União Brasil), utilizou a tribuna da Câmara Municipal do município para denunciar o prefeito Bi Garcia (União Brasil) de violência política de gênero. O discurso da vereadora foi divulgado na terça-feira, 5/3, em duas partes na sua conta no Instagram.
Em fevereiro deste ano, Dianná assumiu a presidência do União Brasil em Parintins, indicada pelo governador Wilson Lima, atual líder estadual do partido. Antes, quem comandava o partido em Parintins era o prefeito Bi Garcia.
Nos bastidores do União Brasil, o clima ficou tenso, visto que Brena Dianná é opositora de Bi Garcia e desponta como pré-candidata à Prefeitura de Parintins nas eleições deste ano.
Enquanto isso, especula-se nos bastidores que Bi Garcia planeja migrar para o Partido Social Democrático (PSD), liderado pelo senador Omar Aziz, e lançar o vereador Mateus Assayag (PL) como seu pré-candidato.
Denúncia
Em seu pronunciamento na Casa Legislativa, a vereadora denunciou várias ocorrências que exemplificam a violência política de gênero, incluindo a disseminação de notícias falsas e difamações direcionadas a ela. Entre as acusações feitas por Brena Dianná está a de que o prefeito Bi Garcia a teria apelidado de “Alexandre da Carbrás de saia”, em alusão ao ex-prefeito da cidade.
“Um dos esclarecimentos que eu irei fazer aqui é quanto aos seguidores do prefeito de Bi Garcia, ao me chamar de ‘Alexandre da Carbrás de saia’, um apelido encabeçado por ele. Ele manda os motoristas pessoais dele e os contratados por ele irem nas redes sociais me apelidar disso, na tentativa de me diminuir, de fazer chacota, de menosprezar minha competência”, afirmou a vereadora.
Carlos Alexandre Ferreira, ou Alexandre da Carbrás, como é conhecido, é ex-prefeito de Parintins, envolvido em investigações de improbidade administrativa durante sua gestão. Ele foi gestor da cidade no período de 2013 a 2016.
“Logo ele [Bi] que está rodeado de secretários que participaram da administração do Carbrás e que hoje participam da sua administração? […] Tantas pessoas que se lambuzavam na gestão dele, hoje cospem no prato que comeram”, denunciou Brena.
A parlamentar ressaltou o descontentamento com a atual situação política, evidenciando o que considera ser “uma continuidade do desgoverno anterior”.
“A maioria dessas pessoas vemos que são amigos por conveniência, por poder e delegam a favor dos seus próprios interesses. Trabalhar pela população parintinense nunca foi prioridade”, afirmou.
A vereadora enfatizou sua independência e reforçou que não se deixará intimidar pelos ataques e falsas acusações.
“Não fico na sombra de ninguém e não há nenhuma semelhança entre mim e o Carbrás, muito meno com o Bi. Mas os dois sim tem muitas coisas em comum pois parece que o atual governo é a continuidade do desgoverno do outro. Eu estou cansada de perseguição, desinformação e fake news. Parintins também. Anota”, concluiu Dianná.
Por que é violência política de gênero?
Kellen Lopes, membro da Comissão de Combate à Violência Política de Gênero pelo Partido NOVO/AM, destacou que a violência de gênero se manifesta de diversas formas, sendo uma delas atingindo à moral da mulher que faz política.
“Essa tentativa de diminuir a imagem e as ações da vereadora reflete o quanto o machismo ainda está presente na sociedade, especialmente na política, onde se mostra de maneira lamentavelmente baixa”, explicou Lopes.
Segundo a especialista, o termo “violência política de gênero” é relativamente novo e foi criado para possibilitar seu enfrentamento de maneira mais efetiva.
“Esse tipo de violência não atinge apenas mulheres com cargos eletivos. Os ataques começam ainda nas possíveis candidaturas, com o objetivo de beneficiar articulações em torno de candidaturas masculinas, até tirando verbas das mulheres e direcionando para os homens, além dos ataques à imagem e à honra”, detalhou.
Direito de resposta
A reportagem do Portal RIOS DE NOTÍCIAS buscou contato com a vereadora para obter mais informações e esclarecimentos sobre suas declarações. Além disso, também tentou contato com o prefeito Bi Garcia para garantir o direito de resposta. Até o momento do fechamento desta matéria, não houve retorno de ambas as partes.