Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Enterrado neste domingo, 18/8, um dos últimos pedidos do maior comunicador da história da televisão brasileira, Silvio Santos, era de que não houvesse a realização de velório após a sua partida.
No judaísmo, religião que era seguida por Silvio, é recomendado que o sepultamento seja feito de forma rápida, pois se entende que enquanto o corpo não for enterrado, a alma ainda não repousa.
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Senor Abravanel queria que após sua morte, o corpo fosse logo levado para o cemitério judaico em uma cerimônia restrita à família e amigos próximos. Em nota as filhas informaram que o pai queria ser lembrado com alegria e todos os ritos de passagem foram feitos conforme a tradição judaica.
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, neste domingo, 18/8, o rabino Pessach Kauffman, da sinagoga Ahavat Reim, localizada no bairro Bom Retiro, em São Paulo, destacou: “Uma das crenças fundamentais do Judaísmo é que a vida não começa com o nascimento nem termina com a morte. Isso está articulado no versículo em Cohêlet (Eclesiastes): ‘E o pó retorna à terra como era, e o espírito retorna a D’us, que o deu'”.
Chevra Kadisha (Sociedade Sagrada)
No judaísmo, o cuidado, consideração e respeito que são dispensados aos vivos devem ser dados aos mortos à medida que são atendidos, preparados e escoltados até sua morada final na terra. Após o falecimento alguns rituais específicos são conduzidos pela Chevra Kadisha (Sociedade Sagrada) formada por homens e mulheres judeus dedicados que executam as preparações dos corpos dos mortos de acordo com a Halachá.
Primeiro, a família notifica a Chevra Kadisha que realiza o ritual da purificação (Tahará). O processo inclui a lavagem completa do corpo, simboliza a limpeza e purificação da alma para a passagem para outro mundo.
Após este momento, o corpo é envolto em uma mortalha simples branca de linho por representar a igualdade de todos perante Deus, independente do status ou riqueza. Próteses, lentes de contato e dentaduras são retiradas e não podem ser enterradas.
Cerimônias com caixão aberto não são permitidas, o corpo não pode ser cremado, embalsamado, nem os órgãos removidos. O caixão tem que ser simples simbolizando o respeito a igualdade de todos perante Deus. A tradição também pede que não seja feito enterros aos sábados, por ser o dia de descanso. O período sagrado termina com o pôr-do-sol.
Na cerimônia fúnebre, há o momento de leituras de salmos e discursos de pessoas queridas. No enterro em si, os presentes ajudam a cobrir o caixão com terra, sendo um de cada vez.
Pós sepultamento
Os judeus colocam pedras nos túmulos como um ato de respeito e para marcar o local de sepultamento, além de garantir que a memória da pessoa não seja esquecida e após o sepultamento os judeus seguem três etapas do luto:
Shivá: dura sete dias considerado o período mais intenso do luto, neste momento os enlutados ficam em casa recebendo visitas e lembrando do falecido.
Sheloshim: estende-se até o nascer do sol do 30° dia após o enterro. Nesse período evita se celebrações e festas.
Avelut: Período de luto mais longo que se estende por 12 meses hebraicos. Durante o Avelut o falecido é lembrado pelos enlutados que recitam orações específicas, como o Kadish, em sua memória.
Nota CONIB
Nesse sábado, 17/8, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) manifestou seu respeito e reconhecimento a Silvio Santos, cuja trajetória ilustra o que há de mais admirável no empreendedorismo brasileiro.
“É com profundo pesar que recebemos a notícia de sua partida. Como membro da comunidade judaica, Silvio sempre fez questão de manter suas raízes e valores, tornando-se um símbolo de orgulho para judeus em todo o Brasil. Sua contribuição vai além da televisão; seu impacto é sentido no campo empresarial, cultural e social. A CONIB expressa sua gratidão por sua influência e liderança, que surge como um legado importante para as futuras gerações”.