Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No mundo atual, a disseminação de informações é mais rápida e acessível do que nunca, graças à onipresença da internet e das redes sociais. No entanto, essa facilidade também trouxe consigo um fenômeno preocupante: as fake news que se espalham rapidamente, minando a confiabilidade da informação e causando impactos negativos na sociedade.
Fake news são notícias fabricadas ou distorcidas, com o objetivo de manipular a opinião pública, promover interesses pessoais ou políticos, ou até mesmo causar danos a indivíduos ou organizações.
Nesta quarta-feira, 26/4, a Câmara dos Deputados volta a analisar a possibilidade de acelerar a votação do Projeto de Lei 2630/2020, chamado de “PL das Fake News”.
A iniciativa trata desde aspectos amplos, como a necessidade de maior transparência por parte das empresas (funcionamento de algoritmos e moderação utilizada internamente) até pontos específicos, como a ampliação da imunidade parlamentar para as redes sociais e a determinação de regras para contas consideradas de interesse público.
A necessidade de avaliação de conteúdo em casos de estímulo à violência, por exemplo, tem sido uma das justificativas para retomar a discussão no Congresso Nacional, travada desde 2022.
O que dizem especialistas
Alita Falcão e Fred Lobão, apresentadores do programa “Código Aberto”, da RÁDIO RIOS FM, conversaram com Wilson Reis, presidente do Sindicato do Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas (SJPAM) e Flávio Terceiro, advogado e professor de Direito, sobre os impactos das falsas notícias na sociedade.
Para o jornalista Wilson Reis, o compromisso diário com a informação deve reger a ética para que os comunicadores tenham em mente qual é o papel do profissional ao divulgar uma notícia, mesmo diante do desafio da rápida produção de notícias, imposto pela chegada de novas tecnologias na década de 90.
“Quando trabalhava em jornal impresso, levava-se tempo para apurar uma informação. Hoje, isso não tem mais condição de existir. Mas não se pode deixar de usar os elementos do jornalismo que vai gerar uma notícia real, fidedigna e com credibilidade. É um compromisso social em função do interesse público porque o jornalista não fala por si, mas fala para a coletividade”,
Wilson Reis, presidente do Sindicato do Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas
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Flávio Terceiro complementa que as fake news colocaram em questão o que ele chama de timing (tempo) e feeling (sentimento). “Eu quero ser o primeiro a dar a notícia ou quero ser aquele que vai dar a atenção que ela precisa? As redes sociais obrigam a gente a querer a informação o mais rápido possível. Só que, enquanto consumidor do conteúdo, eu preciso me examinar também“, argumentou Terceiro.
O advogado chama a atenção para a relação da informação que o consumidor de conteúdo busca e o sentimento que quer expressar, além se questionar se a preocupação é com a verdade ou com a emoção.
“O jornalista só vai produzir aquele conteúdo sem credibilidade porque vai ter quem consuma. Sou eu que decido se quero consumir fake news. Por exemplo, se eu não gosto de determinado político ou artista, eu não vou procurar ler algo positivo, mas negativo. Eu quero compartilhar algo que reflita o meu sentimento com relação àquela pessoa”, relatou.
Wilson acrescenta que, ao produzir uma notícia, o jornalista precisa considerar a intensidade com que é feita, pois é ela quem desperta o sentimento no consumidor. “Porque, quando a gente fala, tem uma força social que vai gerar maior ou menor credibilidade a essa informação que eu estou dando“, disse.
A meta das fake news
As fake news têm o objetivo de descredibilizar uma informação. Assim, se alguém trouxer à tona algo que se quer esconder, uma imprensa descredibilizada passa a não ter valor perante a sociedade.
“Por que eu quero que a imprensa seja vista com desconfiança? Ora, se uma informação prejudicial a minha imagem for divulgada, ela não vai receber a atenção que deveria porque eu já estou apontando que a imprensa não é confiável”
Flávio Terceiro, advogado e professor de Direito
Segundo o professor, as pessoas chamam de fake news tudo o que não gostam, incluindo condutas que nem sempre são notícias falsas. “Fake news, em geral, é motivada pela difamação. É quando eu quero atingir a reputação de alguém e a imagem que as pessoas têm dela. Eu quero que pensem algo que vai prejudicar a fama e a imagem a pessoa construiu”, concluiu.
Assista ao programa na íntegra: