Redação Rios
MANAUS (AM) – O espetáculo amazonense “Cabaré Chinelo” foi um dos indicados no 34º Prêmio Shell de Teatro na categoria “Energia que Vem da Gente”, que celebra iniciativas relacionadas ao universo teatral com impacto social positivo. A divulgação do resultado ocorre no dia 12 de março, em São Paulo.
Taciano Soares, diretor da companhia de teatro, explica que o “Cabaré Chinelo” foi indicado espontaneamente por Sao Paulo, depois que parte do juri assistiu as ultimas apresentações na capital paulista, em novembro, no Teatro B32.
“Essa foi a surpresa! A gente tinha expectativas sobre a categoria nacional, mas ser indicado por Sao Paulo é ser reconhecido entre as centenas de peças que estiveram na cidade durante o ano de 2023”, comenta o artista, que vive o Kafter em cena e também assina a direção geral de “Cabaré Chinelo”, com a diretora e dramaturga argentina Jazmín García Sathicq na co-direção. “É a primeira vez que o Amazonas está no Prêmio Shell e isso é muito significativo”.
Leia mais: Espetáculo premiado, ‘Cabaré Chinelo’ encerra temporada no Teatro Amazonas
Taciano Soares destaca que a obra sobre as mulheres vítimas de tráfico internacional e sexual no período da Belle Epoque no Amazonas têm alcançado um público importante e chegado em pessoas que nunca assistiram uma peça de teatro e em quem ainda não tinha dado atenção ao teatro feito em Manaus.
“Não é só o público que o ‘Cabaré’ conseguiu se aproximar e chegar tão perto, mas também de instituições, de eventos e de prêmios que são importantes, são interessantes para mostrar que a crítica também está atenta ao que temos feito, ao que nosso trabalho tem despontado, seja pela pesquisa histórica do Narciso Freitas, que soma com a pesquisa que o Ateliê 23 faz sobre as bionarrativas, seja pelo aprimoramento técnico da cena, a forma de atuar nesse tipo de teatro musicado, mas que também é biográfico, aliado a um grupo muito grande de pessoas diferentes em suas experiências”, avalia o diretor.
“FIco muito feliz em ver que essa mistura fez com que o espetáculo ganhasse camadas mais profundas na compreensão, na construção, e no modo de sua recepção. A indicação ao Prêmio do Shell mostra um olhar atento para experiências teatrais fora do eixo Rio-São Paulo”, completa Taciano Soares. “Estamos fazendo um teatro na nossa cidade que tem o mesmo nível técnico de alcance de qualquer outro lugar do País, visto que a maior metrópole cultural do Brasil, Sao Paulo, está validando o trabalho do Ateliê 23 em nível nacional”.
Eric Lima, que divide o comando da companhia amazonense com Taciano Soares, pontua que 2023, quando o grupo celebra 10 anos de atuação, o Ateliê 23 conseguiu chegar a muitos lugares, de diversas formas, com a produção do “Cabaré Chinelo” e com as músicas, que fizeram o Teatro ser potencializado.
“O prêmio é mais uma resposta que estamos ‘furando a bolha’, significa que temos uma produção extremamente densa, mostra que conseguimos chegar com o nosso trabalho que é feito aqui, com as pessoas daqui, e é isso que levamos para 2024, continuar experimentando essa linguagem”, afirma o intérprete do Diabo e diretor musical do espetáculo. “Tivemos um ano de recompensas, de um trabalho que desenvolvemos há dez anos, e agora em um lugar de pioneirismo”.
Elenco
Com 17 artistas em cena, a peça conta com Vivian Oliveira, Sarah Margarido, Andira Angeli, Julia Kahane, Thayná Liartes, Fernanda Seixas, Daphne Pompeu, Daniely Peinado, Vanja Poty, Ana Oliveira, Bruna Pollari, Allícia Castro, Taciano Soares e Eric Lima, além dos músicos Yago Reis, Guilherme Bonates e Stivisson Menezes.
O projeto, em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – IBERESCENA.
Grupo premiado
Neste ano, o Ateliê 23 venceu em duas categorias do 22º Prêmio Cenym de Teatro Nacional, da Academia de Artes no Teatro do Brasil, “Melhor Companhia” e “Melhor Figurino”, com o espetáculo “Cabaré Chinelo”. A peça, que é sucesso de crítica e público, também foi indicada como “Melhor Elenco” nesta edição.
No 17º Festival de Teatro da Amazônia, realizado em outubro, o “Cabaré Chinelo” conquistou três prêmios: “Melhor Espetáculo”, “Direção” e “Melhor Figurino”. A peça foi indicada ainda nas categorias “Melhor Atriz”, com Vivian Oliveira, “Melhor Ator” e “Trilha Sonora”, com Eric Lima.
Em 2023, a companhia também conquistou o prêmio de melhor atuação nacional no 8º Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás, com o personagem Belinho, vivido por Taciano Soares no filme “A Bela é Poc”, primeiro curta do grupo.
A principal característica do Ateliê 23 é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de Doutorado “Bionarrativas Cênicas: Dispositivos de Comoção em Obras do Ateliê 23”, defendida pelo diretor Taciano Soares na Universidade Federal da Bahia.
* Com informações da assessoria