Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A esporotricose, doença fúngica que afeta tanto animais quanto humanos, tem sido motivo de preocupação crescente na capital do Amazonas. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa), entre janeiro e novembro de 2023, foram notificados 2.240 casos, com 1.998 confirmações. Mais da metade dos casos em humanos envolvem os gatos.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), desde janeiro até meados de fevereiro de 2024, foram notificados 108 casos de esporotricose em humanos, dos quais 76 foram confirmados, enquanto 21 ainda estão em investigação.
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Não houve óbitos relacionados à doença até o momento. Os casos confirmados estão concentrados em Manaus, com 74 registros da doença, um em Presidente Figueiredo e outro no Careiro.
Devido a doença, foram registradas 450 eutanásias ou óbitos. Os gatos representam a maioria dos casos (98,7%), seguidos pelos cães (0,8%). Além disso, a maioria dos animais afetados são machos, totalizando 68% dos registros.
Causada por fungos do gênero Sporothrix, a esporotricose é uma infecção que vive no ambiente como em cascas de árvores, palhas, plantas espinhos e outros, podendo infectar humanos, gatos, cães e outros mamíferos.
Contaminação e sintomas da esporotricose
A médica veterinária Adriana Oliveira explica sobre como a esporotricose é transmitida tanto para humanos quanto para os animais.
“O gato se contamina ao ter contato com ambiente contaminado pelo fungo, como galhos de árvores onde amola a unha, pelo solo onde enterra suas fezes e urina e ao brigar com outro gato que tenha a doença”, disse Oliveira.
Adriana ressalta ainda como os humanos podem ser infectados, assim como a forma como os animais também podem transmitir a doença para humanos e outros animais.
“O homem pega o fungo geralmente após algum pequeno acidente, como uma pancada ou esbarrão, onde a pele entra em contato com algum meio contaminado pelo fungo. Por exemplo: tábuas úmidas de madeira. Outra forma de contágio são arranhões e mordidas de animais que já tenham a doença ou o contato de pele diretamente com as lesões de bichos contaminados”, explicou a médica veterinária.
O Ministério da Saúde destaca que nos humanos, os sintomas da esporotricose se manifestam após a contaminação do fungo na pele. Em casos mais graves, como quando o fungo atinge os pulmões, podem surgir sintomas como tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.
Já nos animais, os sinais mais comuns incluem feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e tendem a evoluir rapidamente, além de espirros frequentes.
Contudo, essa compreensão dos sintomas é importante para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz, tanto em humanos quanto em animais afetados pela doença.
Como evitar e cuidados
A médica veterinária enfatiza que a esporotricose é tratável e que, ao observar qualquer lesão no animal, é indispensável procurar um veterinário. Além disso, em caso de suspeita de esporotricose em humanos, a recomendação é de que se busque atendimento em uma unidade de saúde.
“Esporotricose tem cura. Ao perceber qualquer lesão no animal, principalmente em gatos, procure um médico veterinário para fazer os exames de citologia e cultura fúngica)“, disse a veterinária.
Adriana destaca que, apesar de os gatos apresentarem a maior incidência da doença, não devemos considerá-los os vilões nesse contexto.
“O gato não é o vilão, ele é apenas uma vítima, assim como nós. Todos os animais mamíferos podem ser afetados, e há relatos de afetação em tatus, ratos, cães e cavalos” destaca Oliveira.
Ela ressalta que, devido ao acesso à rua, os gatos são os mais afetados pelo fungo, destacando a importância de mantê-los dentro de casa.
“O gato por ter acesso a rua se torna a maior vítima do fungo. Por isso é importante manter o gato dentro de casa, gatos não castrados que tem acesso a rua são os mais afetados”, ressaltou Adriana.
Em conclusão, é importante ressaltar que a doença é tratável e que medidas preventivas, como o cuidado adequado com os animais e a busca por atendimento médico-veterinário ao primeiro sinal de lesão, são essenciais para conter sua propagação.
Além disso, a conscientização sobre a importância de manter os gatos dentro de casa, especialmente os não castrados, pode ajudar a reduzir o risco de contágio. Com o trabalho da comunidade em conjunto, é possível enfrentar esse desafio e garantir a saúde e o bem-estar tanto dos animais quanto da população.