Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Dois dia após a realização da “Operação Entulho”, a Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal desencadearam na manhã desta quinta-feira, 22/6, a “Operação Dente de Marfim” para coletar provas do esquema fraudulento de corrupção, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro que desviou mais de R$ 48 milhões dos cofres públicos municipais.
A operação envolve tanto a gestão do atual prefeito David Almeida (Avante) como a do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto, uma vez que investiga a emissão de notas “frias” na prestação dos serviços de limpeza pública e coleta de lixo entre os anos de 2016 a 2021.
O nome da operação é uma referência a empresa Mamute Conservação Construção e Pavimentos Ltda, que foi contratada em 2016 para prestação de serviços de limpeza e se manteve até 2022, quando houve quebra de contrato “após desentendimento entre a gestão municipal e os empresários”, afirma o chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiro da Polícia Federal, João Marcello Uchoa.
“Outras empresas emitiam notas fraudulentas para essa empresa [Mamute], além de escritório de advocacia. Mesmo após a passagem da gestão anterior, a empresa foi mantida prestando serviço de limpeza”
João Marcello Uchoa, Polícia Federal
O delegado também esclareceu que a “Dente de Marfim” não é um desdobramento da “Operação Entulho”, deflagrada na terça-feira, 20. Embora haja semelhança nos resultados das investigações – como sonegação fiscal e lavagem de dinheiro -, a operação desta quinta-feira não resultou em prisão de algum envolvido e, desta vez, há provas da participação da agentes políticos no esquema.
De acordo com Uchoa, há “bastante provas e documentos” da participação de agentes políticos no esquema. “Troca de favores, nomeação de parentes da empresa na secretaria municipal [de limpeza pública], além de haver indícios de pagamentos indevidos ao gestor da secretaria”, afirmou.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e foi deferido o bloqueio de R$ 30 milhões das contas bancárias e ativos financeiros, dentre outros bens, de 34 pessoas físicas e jurídicas.
Entre as provas, a Receita Federal identificou dez empresas que emitiram notas fiscais “frias” no período de 2016 a 2021 de sonegação fiscal no montante de R$ 21 milhões.
Empresas envolvidas
De acordo com a apuração do portal RIOS DE NOTÍCIAS, entre as empresas investigadas estão: Construtora Soma, Tumpex Empresa Amazonense de Coleta de Lixo e Mamute Conservação, Construção e Pavimentação.
Os alvos da “Operação Dente de Marfim” foram pessoas envolvidas com a Mamute. A polícia esteve na residência de Cirilo Anunciação, ex-sócio da empresa e do grupo Diário de Comunicação; e também de Sabá Reis, secretário municipal de limpeza pública.
Em nota, a Prefeitura de Manaus disse que “os fatos investigados são relacionados a uma empresa cujo contrato foi firmado pela gestão anterior, porém desfeito pela atual administração municipal. Prezando pela total transparência, a prefeitura prestará todas as informações necessárias para a apuração”.
Operação Entulho
Cumprindo 14 mandados de busca apreensão e oito de prisão preventiva, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal apresentaram na manhã de terça-feira, 20/6, um balanço parcial da “Operação Entulho”. Durante a ação, cinco empresários foram presos.