Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No Brasil, a seca não afeta apenas o Amazonas, mas também outros Estados do Norte do país. A falta de chuvas causa preocupações, marcando a maior estiagem em quatro décadas nos Estado amazonense, além do Pará, Acre, Tocantins, Roraima e Rondônia.
A região Norte, em particular, enfrenta uma seca que afeta diretamente o cotidiano de milhares de pessoas. Os rios que são essenciais para o transporte de água e comida estão secando, causando desabastecimento e dificultando a navegação. Esse cenário alarmante tem suas raízes em um El Niño atípico e no impacto do aquecimento global.
Enquanto a população da região Norte do país sofre com as consequências da seca, medidas para amenizar os impactos estão sendo implementadas pelas autoridades para enfrentar essa crise.
Amazonas
O Amazonas está enfrentando uma crise hídrica de proporções históricas, com o Rio Negro atingindo a quinta pior seca já registrada na história da região, até o momento.
O Rio Negro, está a apenas 78 centímetros de atingir o nível de seca histórica registrado em 2010. O que costumava ser sinônimo de abundância de água, agora exibe em diversas partes extensas faixas de terras.
A seca está afetando diretamente recursos essenciais para os habitantes da região como o abastecimento de alimentos, água potável e combustível. Comunidades distantes da capital, estão encontrando dificuldades na locomoção devido à falta de acesso aos rios.
Além disso, a seca tem causado impactos no ecossistema local. Animais como peixes e botos estão morrendo em grande quantidade, como consequência das mudanças climáticas. A alta temperatura da água é apontada como um dos principais motivos para essa tragédia ambiental.
Medidas de emergência estão sendo tomadas para lidar com essa crise, incluindo a distribuição de recursos e ajuda humanitária para as comunidades afetadas.
Pará
O situação no estado do Pará não é diferente, entre julho e setembro de 2023, a região do Amazonas e o norte do Pará enfrentaram o mais severo déficit de chuvas desde 1980.
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a falta de chuva e o calor intenso têm causado um impacto significativo nas pastagens e na agricultura. A área afetada pela seca no Pará aumentou de 48% para 59% entre julho e agosto deste ano, conforme relatado pela ANA.
A situação se agrava com a expansão da seca fraca no Nordeste, Leste e Centro do Estado, além da seca moderada no Noroeste, indicando o efeito das condições climáticas.
O nível do Rio Tapajós chegou a 94cm no domingo, 8/10, segundo os dados da Defesa Civil do Pará. A cota histórica de 2010 é de 1,32 metro.
Acre
O governo do Acre anunciou oficialmente nesta sexta-feira, 6/10, por meio do Diário Oficial do Estado (DOE), a decretação de Situação de Emergência devido à seca severa.
Além disso, a diminuição das chuvas resultou em níveis perigosamente baixos nos rios Acre, Purus, Juruá, Tarauacá, Envira, Iaco e Moa.
Esta medida foi tomada em resposta à iminente ameaça de desastre, resultante da grave escassez de água no Estado do Acre, fenômeno categorizado como um desastre natural.
A cidade de Rio Branco, assim como diversos outros municípios, está enfrentando dificuldades com o abastecimento. Consequentemente, autoridades estão disponibilizando carros-pipa para suprir as necessidades básicas da população. A preocupação se estende também às comunidades indígenas e áreas remotas do Estado, que enfrentam desafios adicionais devido à seca.
Tocantins
Em informações divulgadas em setembro pelo Monitor de Secas do Brasil, no Tocantins, devido às chuvas abaixo da média e a piora nos indicadores, houve o avanço da seca no Leste do Estado. Entretanto, devido à melhora dos indicadores, houve um pequeno recuo de seca no Centro do Estado. Os impactos permanecem de longo prazo no Noroeste, e são de curto prazo nas demais áreas.
Roraima
A Agência Nacional de Águas (ANA) atualizou nesta segunda-feira, 9/10, as informações sobre o Rio Branco, revelando que o nível do rio está alarmantemente baixo, com uma cota de apenas 1,04 metros.
De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a bacia do Rio Branco já se encontra em uma condição de extrema seca. O cálculo da média de precipitação acumulada sobre a bacia, nos últimos 30 dias, registra uma preocupante anomalia de -2,3, indicando uma carência significativa de chuvas.
O Rio Branco, que se origina da junção dos rios Tacutu e Urariquera, deságua na margem esquerda do Rio Negro, marcando a divisão entre os Estados de Roraima e Amazonas.
Rondônia
De acordo com o Boletim Geológico do Brasil, em Porto Velho, o rio Madeira atingiu níveis mínimos históricos, alcançando o nível de 1,10 m na última sexta-feira, 6/10.
Dessa forma, a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada em Rondônia e uma das principais fontes de energia do Brasil, se viu obrigada a suspender temporariamente suas operações.
A empresa responsável pela usina divulgou que os níveis de vazão do rio estão 50% abaixo da média histórica, o que representa uma ameaça à operação segura das unidades geradoras da hidrelétrica. A Usina possui 50 turbinas com uma potência instalada de 3.568 megawatts e, em 2022, ocupou a quarta posição no ranking nacional de geração de energia.
No entanto, esta não é a primeira vez que a hidrelétrica se vê obrigada a interromper suas operações. A última vez ocorreu em 2014, durante uma cheia histórica do Rio Madeira, que percorre os estados de Rondônia e Amazonas. A empresa enfatiza que essa medida visa preservar a integridade das unidades geradoras da usina em face do recorde de baixa vazão do Rio Madeira.
A seca na Região Norte é um desafio, afetando não apenas a produção de energia, mas também o abastecimento de água e a biodiversidade da região.
*Com informações da Agência Brasil