Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Ficar em frente às telas é algo cada vez mais comum em uma sociedade conectada por meio das redes sociais e outras funcionalidades que a internet disponibiliza. Ao mesmo tempo, especialistas apontam que o uso constante das redes e dos meios digitais como o celular tem provocado uma grande dependência, com graves implicações para todos, principalmente crianças e adolescentes.
No quadro “O Tema do Dia”, do programa Rios 360, da Rádio RIOS FM 95,7, mediado por Wellington Lins, a questão do vício nas redes sociais foi amplamente debatida, enfatizando as implicações provocadas em crianças e adolescentes.
Conforme o professor e diretor do Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (Cemeja), Rodrigo Froés, o que se estudava há poucos anos tem se confirmado: a internet e os meios digitais podem se configurar como um vício “tal como o cigarro, a bebida alcóolica e outras drogas ilícitas”.
“A gente percebe isso a partir do comportamento dos nossos alunos. A dependência do telefone celular é tanta que eles não conseguem ficar sem o aparelho. Você percebe que se o aluno não estiver com o celular na mesa, mesmo sem mexer, ele se torna inquieto”, destaca Rodrigo Froés.
Os efeitos para o aluno sob o vício no aparelho celular são negativos. Isso porque, de acordo com o professor Rodrigo Froés, prejudica diretamente no rendimento escolar. “O aluno passa a ficar noite a dentro no celular, e no outro dia não rende na escola”.
Segundo o professor, a média recomendada para o uso da internet pelos jovens é de três horas. No entanto, ele alerta que os jovens têm passado cerca de oito horas em frente às telas, cerca de cinco horas a mais que o saudável. “Estamos com uma juventude viciada, e que não se vê um caminho a frente para que se diminua o tempo na internet”, pontua.
O vício no celular, de acordo com Froés, já é uma patologia. A “nomofobia” é o medo de ficar sem celular. Outra condição proveniente do vício é o “hikikamari”, termo em japonês que designa um estado em que a vítima sofre de um afastamento social severo.
A dependência dos meio digitais não surgiu recentemente. Rodrigo Froés pontua que, há 50 anos, a tecnologia que era usada para educar as crianças era a televisão. “Antes, os desenhos animados forjavam as crianças, hoje são os influencers. Mudou a nomenclatura, mas a linha é a mesma”.
Uso do celular e Impactos na infância
A psicóloga clínica e terapeuta familiar, Romilda de Castro, salientou que, se possível, o contato da criança com o celular deve iniciar por volta dos nove anos. Antes disso, o telefone pode afetar diretamente o desenvolvimento motor e cognitivo. A convivência social também é prejudicada, de acordo com a terapeuta.
“As crianças não brincam mais, não têm mais criatividade e imaginação. Isso está causando muito adoecimento. Elas também passam a sair do convívio social. Não conseguem fazer amizades, não tem mais interação dentro de casa”, frisa Romilda de Castro, psicóloga clínica e terapeuta familiar.
“A pessoa passa a viver tanto no mundo paralelo da internet, que ela passa a não viver um mundo de interação com familiares e amigos”, acautela Romilda.
Ansiedade e depressão
O uso excessivo do celular pode, também, provocar danos à saúde mental de crianças e adolescentes. Conforme professor e diretor do Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (Cemeja), Rodrigo Froés, foi feita uma pesquisa na China em adolescentes que acabaram de sair do ensino médio e ingressaram no ensino superior.
A analise constatou que 50% dos jovens analisados possuíam transtorno de ansiedade ou depressão. Deste grupo, as mulheres eram as mais afetadas. “A maioria dos homens estava em jogos, enquanto as mulheres nas redes sociais. Então, elas ficam mais expostas aos haters e à sociedade tóxica. Isso impacta diretamente no cotidiano, na vida escolar e na formação”.