Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Moradores da rua Senador Fábio Lucena, no bairro Mauazinho, zona Leste de Manaus, estão vivendo um “pesadelo” devido ao descaso da Prefeitura de Manaus com a infraestrutura da área. Desde janeiro deste ano, um barranco localizado atrás das casas vem cedendo diariamente, causando rachaduras nas residências e colocando em risco a vida dos moradores.
A situação piorou com os deslizamentos de terra e quedas de árvores. Diante da inércia das autoridades, os moradores realizaram uma manifestação nesta semana para exigir providências.
Rupturas nas paredes e partes das casas desabando são os principais problemas enfrentados por antigos e novos moradores da região. Edneide Kardene Henrique, de 48 anos, relatou ao portal RIOS DE NOTÍCIAS que, na última terça-feira, 17/12, parte de sua varanda foi levada pelo deslizamento de terra.
“Fui ao banheiro e, quando voltei para o quarto, percebi que parte da casa tinha cedido. A varanda desabou. Minha filha correu para ver o que tinha acontecido, eu pedi para ela sair, e fiquei na casa. Desde então, não consigo mais dormir. Estou aflita”, explicou Edneide, visivelmente angustiada.
Após o desabamento, a moradora retirou seus filhos da residência, mas segue na luta por uma solução. “Minhas coisas estão aqui dentro e não tenho condições de pagar um aluguel. A situação me pegou de surpresa, e metade das minhas coisas estão na casa dos vizinhos. Passei a noite deitada no sofá da casa de um vizinho depois do deslizamento da minha varanda”, contou.
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Edneide, que veio de Coari, a 370 quilômetros de Manaus, em busca de tratamento para o câncer de sangue de seu filho, precisa de um lugar adequado para morar devido à gravidade do estado de saúde do rapaz.
“Vim para Manaus lutar pela saúde do meu filho e nunca imaginei passar por isso. Não sei onde vou colocar meus filhos. Minha família está toda em Coari, mas preciso ficar em Manaus porque meu filho está em tratamento”, disse emocionada.
Situação agravada
Os deslizamentos na área do Mauazinho se agravaram com as chuvas intensas do “inverno amazônico”, tornando o problema ainda mais crítico. “Moramos aqui há sete anos e, no começo, achávamos que a terra estava cedendo devido a algum trabalho de limpeza no esgoto. Mas, com o tempo, percebemos que o deslizamento é diário desde a metade deste ano”, explicou Edneide.
Os moradores relatam que a Defesa Civil esteve no local, mas, segundo eles, apenas registrou as famílias afetadas, sem oferecer soluções concretas. “Até agora, um homem veio, olhou, conversou e foi embora. Não recebemos resposta, não temos ajuda de ninguém, só promessas. Precisamos de uma posição do prefeito. Quando ele precisou de votos na eleição, nós o ajudamos, agora precisamos de ajuda. Estamos à beira do colapso”, reclamou Edneide.
Apelos por ajuda
Jomara Vales, de 43 anos, moradora do Mauazinho há 38 anos, afirmou que a comunidade já não sabe mais o que fazer. “O problema foi amplamente divulgado nas reportagens, mas até agora só fizeram o cadastro das pessoas que precisaram sair de casa. A situação está piorando a cada dia, e estamos pedindo socorro, pelo amor de Deus”, desabafou.
Valdilene da Silva Soares, de 37 anos, também moradora antiga do bairro, relatou a piora da situação. “Jamais imaginei que esse buraco chegaria tão perto da minha casa. Quando cheguei aqui, há 48 anos, esse buraco nem existia. Pelo amor de Deus, Davi Almeida, ajude. O senhor recebeu muitos votos aqui. O senhor veio pessoalmente na época da eleição, ganhou, e agora está lá na sua mansão, enquanto a gente está aqui, nessa terrível situação”, desabafou Valdilene, com lágrimas nos olhos.
Sem resposta
A REPORTAGEM entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) para solicitar informações sobre as providências que estão sendo tomadas para resolver a situação, mas até o momento não obteve retorno. O espaço segue aberto.