Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Moradores da rua Beira Rio, da comunidade Bela Vista, situada no bairro Puraquequara, zona Leste de Manaus, estão enfrentando uma séria ameaça em suas residências devido a uma cratera que se formou no local. A situação se agravou com as chuvas que têm atingido a capital amazonense.
Iranildo Silva Duarte, 45 anos, proprietário de uma das casas afetadas, relatou que a erosão começou há cerca de cinco anos e desde então tem sido motivo de preocupação constante. Ele denunciou que, apesar de acionar a Defesa Civil Municipal, há um ano, as medidas tomadas foram insuficientes e temporárias.
“Há um ano eu chamei a equipe, eles [a Defesa Civil] vieram aqui prometeram mundos e fundos. Me colocaram no auxilio aluguel por seis meses e depois cortaram”, contou o morador.
A causa apontada para a erosão é a má execução de uma obra da tubulação de esgoto, que comprometeu a estrutura das residências da área. “Quando fizeram esse esgoto, fizeram mal feito, e aí desanelou”, explicou Iranildo.
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“É um esgoto que vem a água praticamente do bairro todo por aqui. Vocês precisam ver a intensidade de água aqui, ou seja, se for fazer uma coisa, tem que fazer uma coisa bem segura e bem planejada. Porque fizeram aí, com dois anos, três anos parece, começou esse problema de novo. “
A situação é ainda mais preocupante para Iranildo, que mora com o irmão que é deficiente e não tem para onde ir.
“A gente não tem para onde ir, entendeu? Só tem essa casa aqui e eu não sei. Espero que o Poder Público resolva isso daí, porque eu quero o meu terreno de volta, que é onde eu vivo com meu irmão”, disse o morador.
Problema ainda maior
Com a chegada das chuvas, a situação se agravou, colocando em risco não apenas as residências afetadas diretamente pela cratera, mas também as casas ao redor, que estão com seus terrenos cedendo.
Populares da região temem pela segurança das casas próximas à cratera. Andrei Martins, de 31 anos, mora em frente ao local afetado pelo desmoronamento. Ele expressou preocupação com a possibilidade de piora da erosão.
“Isso aqui já faz mais de cinco anos mesmo que aconteceu essa fatalidade. Está caindo aos poucos e corre o risco de cada vez subir mais aqui e afetar a gente daqui de cima. É muita erosão, quando chove eu fico observando. É muita água”, contou Martins.
Cratera
Segundo Iranildo, parte de sua casa, onde antes ficava um pátio, desabou na madrugada da última quarta-feira, 14/2.
“Na madrugada de terça para quarta-feira, nós estávamos dentro da casa e era 3 horas da madrugada quando ouvimos um barulho grande e tinha caído o ‘corredorzinho’ da casa. Comecei a tirar minhas coisas. Pedi para meu irmão sair, e ele se sentou fora. Por que ele é igual criança, tem 40 anos com a mente de uma criança”, relatou Iranildo.
Iranildo se mostrou angustiado e avisou que é a segunda casa construída, e que não tem para onde ir com o irmão dele, que é totalmente dependente de cuidados. A alternativa encontrada por Iranildo foi fazer uma cobertura improvisada do lado externo da casa para guardar algumas coisas e tentar se abrigar da chuva.
“Fui tirando minhas coisas devagarinho e fui colocando aqui do lado. Fiz uma cobertura, por que está chovendo, são poucas coisas, não são novas, mas são minhas. A importância é a casa, e já é a segunda casa, por que a primeira, lá debaixo, já foi embora. Não tenho mais para onde ir. Não tenho noção do que fazer!”, revelou.
Os moradores da principal casa afetada pela cratera foram obrigados a abandonar a residência aproximadamente dois anos atrás. A casa de dois andares, com uma grande área de lazer teve sua estrutura completamente comprometida.
Sem solução
A reportagem do Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) que informou, por meio de nota, que “a situação está sendo analisada”.
“A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), informa que o corpo técnico de engenharia está em deslocamento para realizar a vistoria na rua Beira Rio, bairro Puraquequara, zona Leste, e identificar os serviços necessários na área”, diz nota da Seminf
Já o Departamento de Serviços Sociais informou que está acompanhando o trabalho da Defesa Civil e que uma família afetada já foi contemplada com o auxílio aluguel. “Até o momento, temos apenas uma família inserida no Auxílio Aluguel, mas à medida que a avaliação da DC avança, novas famílias poderão ser inseridas”, disse o departamento de assistência.