Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Inaugurada em 1994 e situada quase à margem do Rio Negro, no Centro Histórico de Manaus, a Feira Manaus Moderna é um importante ponto de venda de ingredientes da rica gastronomia amazônica.
No local, consumidores encontram produtos como cheiro-verde, pimenta de cheiro, frutas, camarões, carnes, farinhas variadas e peixes frescos. No entanto, tanto trabalhadores quanto visitantes enfrentam desafios significativos.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com feirantes, consumidores e turistas para identificar os problemas enfrentados na região e os efeitos da estiagem na economia.
Problemas estruturais e de segurança
Gilberto Cabral, de 45 anos, que trabalha na feira há 30 anos, relatou vários problemas: “A entrada da feira está frequentemente cheia de lixo e a água é contaminada. Além disso, há uma necessidade urgente de mais investimento em segurança. Os ‘flanelinhas’ próximos à entrada cobram estacionamento dos clientes, gerando constrangimento com valores que variam de R$ 10 a R$ 15. É fundamental melhorar a segurança em toda a área da feira”, destacou Cabral.
Os corredores da feira também enfrentam questões de infraestrutura, como falta de iluminação adequada e limpeza. Wallace Damico, turista de Itajaí, no Sul do país, expressou sua satisfação com a diversidade de produtos, mas apontou melhorias necessárias.
“Gostei muito da feira e da variedade de produtos que são difíceis de encontrar no Sul. No entanto, o calor intenso é um problema. Uma central de ar-condicionado seria benéfica para os turistas. Além disso, a refrigeração na ‘praça do peixe’ poderia ser melhorada”, sugeriu Damico.
O empresário também destacou a necessidade de maior higiene: “O piso deveria ser mais higiênico e deveria haver uma equipe dedicada à limpeza. A presença de moscas em cima dos peixes e carnes é um problema. A altura do telhado também deveria ser revista para melhorar a ventilação”, afirmou.
Impactos da seca
A severa seca que afeta o Amazonas neste ano já está refletindo nos preços e na disponibilidade de produtos. Everaldo Moreira, de 60 anos, feirante da banca do ‘General’, mencionou o impacto sobre o Tambaqui, peixe regional muito apreciado.
“A seca tem prejudicado o transporte de peixe de Tefé. Há áreas onde os barcos já não conseguem chegar, resultando na morte dos peixes e na perda de produto”, explicou Moreira. O preço do Tambaqui, que atualmente é de R$ 26,00 por quilo, pode subir ainda mais a partir de outubro devido à estiagem.
Francisca de Souza Ramos, costureira de 66 anos, expressou sua preocupação com os preços elevados: “O custo já está alto e qualquer aumento adicional é muito prejudicial para o orçamento dos consumidores”.
Raimundo Gomes, feirante há 20 anos, observou a diminuição na oferta de produtos regionais devido à seca. “Há uma escassez significativa de cebolinha, chicória e outros produtos da Várzea. A redução na quantidade e o aumento de preços refletem os desafios enfrentados pela seca”, concluiu Gomes.
A Feira Manaus Moderna continua a ser um ponto vital para a comunidade e turistas, mas enfrenta desafios que exigem atenção urgente para garantir a qualidade e a acessibilidade dos produtos oferecidos.
A equipe de reportagem entrou em contato contanto com a Prefeitura de Manaus e com a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) solicitando um posicionamento em relação às denúncias dos feirantes, mas até o fechamento do material não obteve retorno. O espaço segue aberto.