Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (MA) – Neste sábado, 20/1, o país se une em missas e procissões para homenagear São Sebastião, que destaca sua importância como padroeiro de diversas cidades.
As festividades incluem momentos de louvor, missas e procissões ao santo mais querido do Brasil, onde há quase 450 igrejas com seu nome, fora as cidades apadrinhadas pelo mártir.
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A história de São Sebastião remonta ao século 2, na França. Integrante da guarda romana convertido ao Cristianismo, Sebastião enfrentou a perseguição do imperador Diocleciano.
Após ser atacado com flechas e dado como morto, Sebastião foi salvo por Santa Irene. Recuperado, enfrentou novamente o imperador e, considerado traidor, foi sumariamente executado, com seu corpo jogado em uma vala. Atualmente, seus restos mortais repousam na catacumba que leva seu nome, em Roma.
A devoção ao santo chegou ao Rio de Janeiro pela influência da realeza portuguesa e do rei Dom Sebastião de Avis. Estácio de Sá, fundador da cidade, expressou sua devoção construindo uma capela na Praia Vermelha, que lhe serviu como túmulo em 1567.
São Sebastião em Manaus
Em Manaus, o tema do dia destaca a importância de viver com liberdade, igualdade e fraternidade. A programação da Igreja de São Sebastião, que fica na rua Dez de Julho, inclui diversas atividades e culmina em uma Missa Solene com Frei Mário Ivon, às 18h30, tanto presencial quanto virtual no Largo de São Sebastião.
As celebrações enfatizam a força da fé e da tradição, trazendo à tona a história de São Sebastião, que, mesmo após sofrer flechadas, permaneceu firme em sua crença. A devoção ao santo é um elemento cultural significativo, unindo diferentes religiões em uma demonstração de fé e respeito.
A Igreja em Manaus também abraça a diversidade, abrindo suas portas para as religiões de matriz africana. Com tema “Viver com Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, as celebrações começaram nessa sexta-feira, 19/01, honrando São Sebastião, símbolo de resistência.
Há 20 anos, a igreja combate a intolerância religiosa e reforça a Fraternidade Universal, rumo a uma sociedade mais democrática.
“O povo de matriz africana trabalha dentro dessa dimensão da fé, que tem São Sebastião também como um dos seus padroeiros. E nós fortalecemos esse vínculo que nos une, superando a intolerância religiosa”, disse o Frei Paulo Xavier .
“Chegamos há 20 anos e aqui comparecemos para prestar homenagem ao nosso querido São Sebastião, que sincretiza com Xapanã, e Oxóssi. Ou seja, é alguém especial para nós do Axé. Somos filhos do mesmo Pai”, reforçou Pai Alberto Jorge.
Sincretismo com Oxóssi, Rei da Mata
Pelo sincretismo religioso, São Sebastião é associado a Oxóssi, orixá da fartura e prosperidade. Representado com arco e flecha, Oxóssi é venerado como caçador e protetor das florestas, vinculado à busca pela sobrevivência e à ancestralidade africana.
Historicamente, o culto a Oxóssi remonta às famílias reais de Kêto, perdendo força na África devido à escravidão. No entanto, sua devoção ganhou espaço nas manifestações religiosas na América Colonial, especialmente no Brasil e em Cuba.
Conhecido pela posse de uma única flecha, Oxóssi é adorado como um caçador habilidoso, associado à busca pelo conhecimento e à conquista de metas.
Nas manifestações sincréticas, sua trajetória se entrelaça com diferentes santos, como São Miguel, anjo que caçava os demônios com o poder de sua implacável espada, em Pernambuco; e São Sebastião no Rio de Janeiro.
Oxóssi também aparece nas cerimônias afro-brasileiras, com os nomes de Congombira, Azcá e Mutacalombo.