Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O número de feminicídios no Amazonas cresceu 30% em 2024, saltando de 23 casos em 2023 para 30 no ano passado, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
O aumento reflete a escalada da violência contra a mulher no estado, que já figura entre os mais perigosos do país para a população feminina.
Em Manaus, os registros passaram de 11 para 16 no mesmo período. O mês mais violento foi novembro, com sete ocorrências em todo o estado, sendo três na capital.
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Arma branca lidera entre os meios utilizados
Conforme a SSP, a arma branca foi o meio mais utilizado nos crimes, seguida de arma de fogo e estrangulamento. Além disso, a maioria das vítimas tinha entre 35 e 64 anos.
O feminicídio é caracterizado pelo assassinato de uma mulher em contexto de violência doméstica, familiar ou motivado por discriminação de gênero.
A gravidade da situação no estado foi dimensionada pelo estudo Cartografias da Violência na Amazônia, que revelou que o Amazonas possui uma das piores taxas de feminicídio do Brasil, com 6,4 mortes para cada 100 mil mulheres – quase o dobro da média nacional (3,8), segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024.
Casos solucionados
Ao riosdenoticias.com.br, a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que vem intensificando o combate ao feminicídio, com a prisão de 13 pessoas de um total de 14 registros relacionados ao crime no estado.
“As denúncias de casos de feminicidios praticados em Manaus podem ser realizadas pelos números (92) 98118-9535, disque-denúncia da DEHS, ou pelo 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM)“, acrescentou a PC-AM em nota.
Perfil dos autores e vítimas
Em entrevista exclusiva ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, a delegada Patrícia Leão, titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM), destacou que, na maioria dos casos, o autor do crime é alguém próximo da vítima, geralmente o companheiro ou marido.

Ainda segundo a autoridade policial, não há um perfil específico de vítimas, e que a violência contra a mulher atinge todas as classes sociais. “Os agressores podem ser desde empresários até pessoas em situação de rua“, pontua.
Como denunciar e buscar proteção
A delegada explica que, ao chegar à Delegacia da Mulher, o primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência. Caso haja necessidade, uma medida protetiva pode ser solicitada imediatamente, e o juiz tem até 48 horas para concedê-la.

Além disso, há uma rede de proteção para mulheres que não podem retornar para casa, incluindo o Serviço de Apoio Emergencial à Mulher, que oferece suporte jurídico, assistencial e psicológico.
“A vítima precisa sentir-se segura para relatar o ocorrido e colaborar com as investigações. Programas como a Ronda Maria da Penha garantem o cumprimento das medidas protetivas, pois fiscalizam constantemente os agressores“, destaca Patrícia.