Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O boi-bumbá sem dúvidas é um dos maiores expoentes culturais do Brasil. Apesar dos bois de Parintins, Caprichoso e Garantido, serem os mais conhecidos historicamente, Manaus também conta com seis bumbás que disputam neste ano o 66º Festival Folclórico do Amazonas – Categoria Ouro.
Divididos em duas categorias, os bois: Clamor de Um Povo, Brilhante e Galante de Manaus disputam o Master B, no dia 26 de julho. Já os bois: Tira Prosa, Corre Campo e Garanhão disputam o Master A, no dia 27.
As apresentações ocorrem no Sambódromo de Manaus, na zona Centro-Oeste, com entrada gratuita. Como estipulado pelo regulamento do festival, o boi campeão da Master B, disputará a Master A em 2025.
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Os bumbás de Manaus vão apresentar itens parecidos e outros um pouco diferentes do Festival de Parintins, como Apresentador, Levantador de Toadas, Sinhazinha da Fazenda, Rainha do Folclore, Porta-Estandarte, Cunhã-Poranga, Tribo Indígena Coreografada, Lenda, Batucada/Marujada/Ritmada/Tamurada, Amo do Boi, Evolução do Boi, Auto do Boi, Toada, Alegoria, Pajé e Ritual.
Dessa forma, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS separou mais detalhes sobre a história dos bumbás de Manaus. Confira.
Tira Prosa
O bumbá Tira Prosa foi fundado no dia 13 de maio de 1945, pelos senhores Francisco Santiago de Oliveira, o “Tutu”; José Ribamar Ferreira, o “Zeca Pepira”; Raimundo Ferreira de Oliveira e Alberto Ferreira Martino, o “Mestre Alberto Orelhinha”.
O curral do boi foi armado na Avenida Leopoldo Peres, em frente à Delegacia de Polícia, no “Imboca”, sendo transferido no ano seguinte para o campinho da Igreja de Santa Luzia. A partir de 1950, o bumbá passou a ser comandado pelos irmãos Rock e Lucilo Mesquita. Em 1962, o comando passou para Raimundo Guanabara, em 1966, para Lauro Chibé, e, a partir de 1968, para Antônio Barroso.
No primeiro ano em que desfilou no carnaval em Manaus, em 1976, ainda como bloco de embalo, o atual GRES Andanças de Ciganos, da Cachoeirinha, utilizou a batucada do bumbá Tira Prosa como bateria, mostrando que a colaboração entre grupos folclóricos não era uma exceção, mas a regra. O bumbá Tira Prosa continua ativo até hoje.
Corre Campo
Conhecido também como “Boi do Mapa”, o Corre Campo é o grupo folclórico mais antigo em atividade em Manaus e o terceiro no Amazonas. Ele foi criado em 1942, no bairro Cachoeirinha, zona Sul da capital, pelos jovens Astrogildo Santos, Wandi Santos, Dionísio Gomes, Mauro Santos e Antônio da Silva. A decisão foi motivada após o “Garrote Tira Teima”, localizado na rua Urucará, encerrar as atividades.
Com isso, criou-se um novo boi e uma nova referência folclórica para os moradores do bairro. O nome do bumbá foi escolhido pelo fundador Wandi Santos, durante uma reunião. E as cores ficaram definidas em vermelho, branco e marrom, assim como o mapa da Brasil, desenhado no meio da testa do boi.
Garanhão
Criado em 1991, o boi Garanhão, também conhecido como o “Boi da Cidade Alta”, no reduto do bairro Educandos, zona Sul de Manaus, surgiu a partir de um sonho dos moradores da região, de criar um grupo folclórico capaz de fortalecer a tradição cultural dos bois-bumbás.
O nome Garanhão foi proposto por Ivo Morais, em homenagem ao boi-bumbá Garantido, e a cor preta do boi em homenagem ao boi-bumbá Caprichoso. A história do boi começa com uma inspiração nos bumbás de Parintins, mas com o passar do tempo, a identidade própria da capital amazonense foi construída com os moradores do bairro Educandos e trabalhadores.
Galante
O boi Galante foi criado em 1993, por um grupo de amigos, no reduto do bairro Zumbi dos Palmares, na zona Leste de Manaus. Inicialmente, o bumbá foi idealizado apenas para o entretenimento dos moradores da região, mas foi inserido logo em seguida ao Festival Folclórico do Amazonas. Com o passar dos anos, o bumbá foi transferido para a Praça 14, com o aval dos criadores.
Assim como outros bumbás da capital, o Galante teve sua inspiração nos bois Caprichoso e Garantido, de Parintins. A cor branca foi definida por sorteio e o nome Galante em homenagem ao boi Galante de Parintins, que remetia à infância de muitos que já moraram na cidade.
Brilhante
Criado em 1982 no bairro da Praça 14 de Janeiro, o nome “Brilhante” foi decidido por sorteio. A inscrição foi feita na Associação de Grupos Folclóricos do Amazonas no dia 23 de março do mesmo ano. A partir daí, começaram os preparativos para a apresentação do boi no Festival de Manaus. O boi de pano foi confeccionado com a colaboração de toda a comunidade.
A estreia do Brilhante no Boi Manaus foi em 1999. Em 2006, o boi passou de touro branco malhado para touro marrom, na tentativa de diferenciar o boi do rival Corre Campo, que é branco. Segundo os dirigentes do Boi, a mudança foi um sucesso e muito bem aceita pela comunidade.
O fundador do Brilhante é Vilson Santos Costa, o Coca, e a atual sede do boi está localizada no bairro São José, na zona Leste de Manaus.
Clamor de Um Povo
O bumbá Clamor de Um Povo foi fundado por Domingas Matos em 1996, originalmente como um grupo de dança que se apresentava em arraiais e festivais na cidade de Manaus. Em meados de 2001, o grupo tornou-se tribo e em 2015 ocorreu a última transição para boi-bumbá.
O touro branco possui um cocar na testa e foi escolhido pelos integrantes do grupo folclórico para fazer referência à transição de tribo para boi-bumbá. Atualmente, o boi conta com mais de 200 integrantes e é presidido pelo filho de Domingas, Wallace Wando, e sua esposa, Alessandra Oliveira.