Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – São dois dias de festa com apresentação das lendas do Apurinã, Jurupari, Anaupira e Lenda do Tucumã no famoso Lendódramo de Novo Aripuanã, a 227 quilômetros ao sul de Manaus. Além dos embates na arena, o Festival Folclórico inclui os shows de atrações regionais.
Nesse último domingo, 25/8, o “Amazone-se“, transmitido pela Rádio Rios FM 95,7, entrevistou Raimundo Mundinho, roteirista e compositor da Lenda do Apurinã, que explicou o surgimento do festival que há quase três décadas leva quatro agremiações para uma grande disputa de lendas, danças e ritmos.
“O município sempre foi muito cultural. Haviam aqui as quadrilhas, cirandas e outras danças, então foi pensado em unificar todo esse conjunto nas lendas. É um festival diferenciado tanto musicalmente quanto na dança. Aqui temos as músicas próprias, compositores da terra, e a nossa dança tem uma pegada mais ritmada, um pouco mais acelerada, que a gente denomina de ‘lendada‘.”
Raimundo Mundinho, compositor no FestLendas
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O Festival Folclórico de Lendas 2024, na região do madeira, deve ocorrer de 29 a 31 de agosto, sendo realizado, há 27 anos, no município com cerca de 26 mil habitantes. Um evento que não impulsiona só Novo Aripuanã, mas também moradores de Autazes, Nova Olinda do Norte, Borba, Apuí, Manicoré, Humaitá, Manacapuru, Itacoatiara, Manaus e até visitantes de outros Estados.
Em todos os anos, o Festival de Lendas movimenta cerca de 30 mil pessoas entre brincantes, moradores e turistas em uma grande tradição e valorização da rica cultura amazônica na chamada arena do lendódromo, como dito anteriormente. As histórias são sempre ao som de composições e ritmos locais.
Festival com itens
Segundo Raimundo, 17 itens concorrem no festival, entre coletivos e individuais, além de outras performances a serem julgados pela visão cênica da lenda. “Entre os individuais, temos a Guardiã da Lenda, Índia Guerreira, que representa a moça mais bela da aldeia, Guerreiro Símbolo, além do Xamã, que é o curandeiro“, explica.
“Assim como no boi, temos o levantador de toadas, e na ciranda o cantor de cirandadas, ambos responsáveis por entoar o ritmo nas arenas, no FestLendas, essa missão fica por conta do item Uirapuru da Amazônia, o cantor oficial das lendadas”, explica Mundinho.
Processo criativo da lendada
De acordo com o compositor Raimundo, o processo criativo é uma amalgama de estudo e muita teoria, onde a realidade local se funde com o imaginário de quem cria as lendadas. “Nós criamos as lendadas sempre com um embasamento teórico para que as músicas tenham uma veracidade, e que demonstrem situações do nosso cotidiano, elementos regionais, da própria vivência do caboclo novo-aripuanense“, reitera.
Para ele, cada canção é cuidadosamente elaborada para refletir a vivência dos habitantes da região e destacar a beleza natural de Novo Aripuanã. “Nossa inspiração surge do nosso próprio imaginário, das histórias de escritores locais sobre as belezas naturais da nossa terra, nosso pôr do sol que é lindo, rios e lagos, aqui temos muitos, sem contar na pegada dos nossos brincantes“, acrescenta.