Redação Rios
MANAUS (AM) – Uma espécie de expedição por realidades de populações da Amazônia começou esta semana com o lançamento da série de podcasts produzida pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) em comemoração aos primeiros 10 anos do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa).
A série conta com 12 episódios, divididos por temas e áreas de atuação do laboratório ao longo dos seus primeiros dez anos de atividades e que serão publicados semanalmente no Canal do ILMD/Fiocruz Amazônia no YouTube. Os programas proporcionam uma verdadeira “expedição” por alguns dos principais projetos de pesquisa e intervenção, coordenados por pesquisadores que integram o Lahpsa. A produção foi coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Amazônia, Júlio César Schweickardt, que é doutor em História das Ciências e um dos responsáveis pela criação do laboratório.
De acordo com Júlio Schweickardt, a ideia principal da série é democratizar o conhecimento sobre os projetos coordenados pelo Lahpsa com o uso de linguagem simples e de fácil acesso para atingir o maior número de profissionais, estudiosos e pesquisadores da saúde da Amazônia. “O lançamento ocorre no mesmo ano em que a Fiocruz Amazônia comemora seus 30 anos de intensa atuação na região amazônica, contando na última década com a contribuição efetiva do Lahpsa nessas atividades”, ressalta o pesquisador.
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A série tem 12 episódios com média de duração de 25 minutos cada, com a participação de três convidados. As exceções são o episódio 1, de apresentação, que tem seis convidados e cerca de 30 minutos de duração, e o episódio 3, onde o pesquisador âncora dialoga com apenas um convidado.
Os episódios foram gravados pela plataforma Google Meet, que permite conversas em longa distância, necessárias para alcançar convidados nos municípios de Manicoré, Boca do Acre, Parintins, Barreirinha e Belém, no Pará. As entrevistas foram conduzidas pela comunicadora Márcia Costa Rosa, roteirista e diretora de documentários. Os podcasts são uma produção do Lahpsa e passam a integrar o acervo de produções literárias e audiovisuais do laboratório disponibilizada gratuitamente pela Fiocruz Amazônia.
História do Lahpsa
O episódio 1 da série Lapsa 10 Anos aborda o surgimento do laboratório, desde debate inicial que definiu o conceito orientador das pesquisas, passando pelos avanços e conquistas na primeira década de existência do laboratório. As entrevistas foram concedidas pelos pesquisadores Júlio Cesar Schweickardt, Michele Rocha El Kadri, Rodrigo Tobias, Kátia Lima, Fabiane Vinente e a diretora da Fiocruz Amazônia, a pesquisadora Stefanie Lopes. Em cada relato, um pouco das descobertas e conexões com comunidades e territórios da Amazônia e planos para os próximos passos.
Em sua fala, Júlio Cesar Schweickardt ressalta a forte contribuição do pesquisador visitante do ILMD, Alcindo Ferla, para os debates que nortearam a criação do laboratório. “Ele (Alcindo Ferla) provocou o debate sobre a importância de se priorizar a saúde, no lugar da doença, no início dos debates sobre a concepção do LAHPSA”, relembra.
Atual vice-diretora de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Michele El Kadri conta como a unidade do grupo de pesquisadores marcou a trajetória, desde o início, como um laboratório coeso, com propostas muito bem definidas, mas aberto a novos conhecimentos e possibilidades de pesquisas. Já Rodrigo Tobias destaca o que considera uma das principais marcas do Lahpsa: a capacidade de provocar mudanças nas comunidades da Amazônia, com o protagonismo de suas populações, determinante para conquistas, em especial na área da saúde.
Especialista em Saúde Indígena, Kátia Lima fala sobre as pesquisas coordenadas pelo Lahpsa junto aos territórios indígenas da Amazônia, marcadas pelo diálogo e participação dos moradores de cada comunidade. A antropóloga Fabiane Vinente, técnica em saúde da Fiocruz Amazônia ressalta o papel do Lahpsa na elaboração de evidências sobre as demandas de cada uma das diversas populações que vivem na Amazônia e da necessidade de respostas, com novas políticas públicas e com ajustes no Sistema Único de Saúde, o SUS.
A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, doutora em Genética e Biologia Molecular, enfatiza que a importância do Lahpsa vai além do diálogo que o laboratório estabelece com as populações da Amazônia e a produção de evidências sobre as necessidades desses territórios. Para ela, o trabalho desenvolvido nos primeiros 10 anos de trajetória do laboratório ajuda a estabelecer uma imagem mais realista sobre o trabalho de pesquisa e sobre a própria ciência, contribuindo para que mais pessoas se dediquem aos estudos e à compreensão da diversidade biológica, genômica e cultural do imenso território da Amazônia.
*Com informações da assessoria