Redação Rios
MANAUS (AM) – O estudo “O Impacto das Finanças na Saúde Mental do Brasileiro”, produzido pelo Instituto Opinion Box, investiga a relação entre dinheiro e emoções, e revelou que gastos com saúde mental desorganizam as finanças de pelo menos 35,5% das famílias da região Norte do país.
A pesquisa faz parte da 10ª edição do Serasa Comportamento, série de levantamentos realizados pela Serasa sobre a forma como os brasileiros lidam com suas finanças.
Para entender as conexões entre dificuldades financeiras e problemas de saúde mental, investigando a relação entre emoções e dinheiro, a Serasa ouviu 1.766 consumidores de todas as regiões do país, de 18 até 60 anos ou mais, sendo 52% mulheres e 48% homens. De acordo com a pesquisa, despesas com assistência psicológica já ocupam a sexta posição nas prioridades de gastos das famílias brasileiras, à frente de custos com automóveis e educação.
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Complicações com o dinheiro afetam a qualidade de vida, aumentam a ansiedade, diminuem a autoestima e reduzem a qualidade do sono. Mais de 80% dos entrevistados confiam que cuidados com a saúde mental afetam positivamente a saúde financeira, enquanto 55% já passaram por problemas de saúde mental e dificuldades financeiras. Segundo os dados:
- 43% dos entrevistados têm despesas com saúde mental.
- 69% evitam conversar sobre dinheiro com amigos e familiares.
- 61% se isolam socialmente em meio a turbulências financeiras.
- 73% preferem resolver sozinho seus problemas com as dívidas.
- 76% admitem que as contas têm reflexo direto no desempenho profissional.
- 53% destinam até R$ 300,00 do orçamento mensal à saúde mental.
As despesas com saúde mental também aparecem na sexta posição de prioridades, atrás apenas de contas básicas (água e luz), com 88%, supermercado, 81,3%, fatura do cartão de crédito 81,1%, internet e telefone 73,1%, aluguel ou prestação do financiamento de imóvel 65,2% e saúde mental, com 58,3%.
Impactos além das dívidas
Em um país com mais de 72 milhões de inadimplentes, as consequências das dívidas extrapolam o âmbito econômico. A pesquisa aponta que cinco em cada 10 brasileiros que já passaram por problemas de saúde mental também enfrentaram dificuldades financeiras.
Os problemas com dinheiro se refletem, especialmente, na qualidade de vida (64%), causando picos de estresse, cansaço e insônia. Os entrevistados ainda relatam impactos relacionados a ansiedade (60%), autoestima (57%) e na qualidade do sono (55%).
Na região Norte os problemas na vida financeira impactam igualmente, causando ansiedade (55%), autoestima (52,8%) e na qualidade do sono (52%).
Nas relações interpessoais, os efeitos se mostram igualmente presentes: 72% sentem-se mal por pedir dinheiro emprestado para familiares e amigos. Na região Norte esse número é de 70%.
Além disso, sete em cada 10 brasileiros afirmam evitar conversas sobre dinheiro e 61% preferem isolar-se, afastando-se de amigos. “Muitas vezes, as pessoas têm vergonha de pedir ajuda, pois sentem que, ao contar para alguém, estariam atestando alguma espécie de incompetência na gestão de recursos”, analisa Valéria Meirelles, psicóloga do dinheiro.
Esse imaginário acaba comprometendo as relações interpessoais, como se houvesse alguma interligação entre dificuldade financeira e fracasso pessoal. Entre os entrevistados pela pesquisa, 73% afirmam não recorrer a nenhum tipo de ajuda porque acreditam que conseguem resolver tudo sozinhos. No Norte, os que acreditam conseguir resolver a questão sozinhos correspondem a 68,7%.
“Não deixamos de ser bons pais, bons filhos ou bons amigos por atravessarmos dificuldades financeiras. Falar sobre dinheiro com naturalidade com amigos, conhecidos e familiares é o primeiro passo para transpor a dificuldade”, diz Valéria.
Prejuízo no trabalho
As dívidas e pendências também podem afetar o ambiente de trabalho. Ao enfrentar complicações financeiras, 76% dos entrevistados afirmam passar boa parte do trabalho pensando nas contas a pagar. Cerca de 73% dos entrevistados da região Norte responderam que enfrentam o mesmo problema.
Buscar ajuda é fundamental para evitar consequências maiores também no âmbito profissional: “Estar endividado ou com dificuldades financeiras não tornam o colaborador desqualificado, e cuidar da saúde mental pode ajudar a melhorar, inclusive, o seu desempenho na empresa”, comenta a psicóloga.
Saúde mental = saúde financeira
Ainda de acordo com a pesquisa, 86% dos brasileiros entendem que cuidar da saúde mental pode melhorar a situação financeira a longo prazo, e 67% afirmam que gostariam de investir ainda mais neste segmento.
“Depois da pandemia, mais do que nunca, as pessoas passaram a se preocupar com essa área, buscando mais qualidade de vida, praticando mais exercícios e outras iniciativas que ajudem a lidar com as emoções”, afirma a psicóloga. “Essa tendência positiva mostra que a saúde mental saiu de uma posição de segundo plano, para se tornar um objetivo a ser construído como base para uma vida melhor”.
*Com informações de assessoria