Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O governador Wilson Lima (União) destacou melhorias na saúde e disse que todos os hospitais vão ter o que ele chamou de “padrão Delphina”, referindo-se ao Hospital Delphina Aziz, localizado na zona Norte de Manaus, que é administrado por uma Organização Social de Saúde (OSS).
A fala foi dita nesta segunda-feira, 3/2, durante a leitura da mensagem governamental na abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Wilson Lima destacou que mudanças recentes, como a troca da administração do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu, vêm gerando resultados positivos, apesar das críticas e resistências.
“Estamos no meio de mais um grande desafio: reestruturar o sistema de saúde do estado. E mais uma vez tenho ouvido dizer que não teremos sucesso. Temos visto movimentos contrários, mas estamos empenhados, cheios de coragem e dispostos a trabalhar nessa transformação“, disse o governador.

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Lima ressaltou que a nova gestão do 28 de Agosto aumentou significativamente o número de cirurgias ortopédicas realizadas diariamente. Segundo ele, a unidade passou de uma média de cinco para até quinze procedimentos por dia, uma resposta direta ao grande volume de vítimas de acidentes de trânsito em Manaus. Ele também destacou um marco inédito para o hospital:
“Na semana passada, foi realizada também no 28 de Agosto a primeira cirurgia por videolaparoscopia, um procedimento inédito na unidade para pacientes de urgência e emergência. Por ser uma técnica menos invasiva, os pacientes ficam menos tempo internados e aumentamos a capacidade de atendimento”, disse.
O governador defendeu a troca da gestão do pronto-socorro, alegando que a decisão foi embasada por estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que apontaram a necessidade de mudanças na administração da unidade. Ele reconheceu que a substituição da gestão pública por uma Organização Social de Saúde (OSS) gerou resistência, mas afirmou que a medida era indispensável.
“Faço questão de destacar que a troca da gestão do pronto-socorro no 28 de Agosto foi decidida com todo cuidado e responsabilidade. Contratamos a consultoria da Fundação Getúlio Vargas, uma das instituições mais renomadas do Brasil, e, a partir de diagnósticos financeiros e operacionais, decidimos pela mudança. Sei que mexemos com uma cultura que há mais de 30 anos estava presente no sistema de saúde, mas era necessário enfrentá-la”, declarou.
Sobre a ampliação da rede de exames e diagnósticos, Lima citou investimentos no Hospital Delphina Aziz, que, segundo ele, se consolidou como referência tecnológica na região. Ele anunciou a chegada de novos equipamentos para a unidade e comparou sua estrutura à dos melhores hospitais particulares da região Norte.
“Nós colocamos o Delphina como um parque tecnológico supermoderno, algo que nem hospitais particulares da região Norte possuem. Com isso, vamos ampliar em 450 mil a quantidade de exames realizados anualmente, saindo de 1,9 milhão para 2,4 milhões de procedimentos”, disse Wilson Lima.
O governador reafirmou que, apesar das críticas, sua gestão está comprometida em transformar a saúde pública e garantir um atendimento mais ágil e eficiente para a população.
“Mesmo que muitos critiquem e até se movimentem contra, eu tenho total compromisso com essa entrega e vou cumpri-la”, concluiu.
Polêmica no 28 de Agosto
A mudança na gestão do Complexo Hospitalar Zona Sul (CHZS), que engloba o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu, gerou uma crise na saúde estadual. A administração das unidades passou para a Organização Social de Saúde Agir, de Goiás, que venceu um processo licitatório e firmou contrato com o Governo do Amazonas. O contrato, no valor máximo de R$ 2,04 bilhões ao longo de cinco anos, prevê um repasse mensal de aproximadamente R$ 34 milhões.
Desde o início da transição, médicos e pacientes relataram dificuldades, incluindo falta de diálogo com a nova gestão, demora na reposição de insumos e incerteza sobre escalas de trabalho. O impasse levou ortopedistas a cogitarem uma paralisação dos serviços no final de 2024, aumentando o risco de superlotação e colapso no atendimento. A crise motivou a intervenção do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que realizou fiscalizações e mediou reuniões emergenciais para garantir a continuidade dos serviços.
O Instituto de Traumato-Ortopedia do Amazonas (ITO-AM), que representa mais de 120 ortopedistas, expressou preocupação com as mudanças, destacando a necessidade de um planejamento mais transparente para evitar a desassistência aos pacientes. O MPAM, por sua vez, reforçou a necessidade de acompanhamento rigoroso do contrato e recomendou medidas para evitar o agravamento da crise.
Paralelamente, pacientes do Hospital 28 de Agosto denunciaram superlotação e aumento no tempo de espera, com relatos de pessoas aguardando dias por atendimento médico. A situação gerou revolta entre os usuários do sistema público de saúde, que cobraram respostas do governo sobre as dificuldades enfrentadas na unidade.
Diante das críticas, Wilson Lima reafirmou que a mudança na gestão do hospital era necessária e que os resultados positivos já começam a aparecer. Segundo ele, a ampliação dos serviços cirúrgicos e a modernização das unidades de saúde são passos essenciais para consolidar um novo modelo de atendimento no Amazonas, com o “padrão Delphina” como referência.