Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Em mais um dia em que a densa fumaça se espalhou na cidade de Manaus, e que o porto de Itacoatiara, a 269 quilômetros de Manaus, foi interditado após parte de sua estrutura desabar devido ao fenômeno denominado “terras caídas”, causado pela seca histórica que assola todo o Amazonas, o governador Wilson Lima (UB) anunciou que embarcou 16 viaturas e mais 600 homens, para reforçar o trabalho de combate às queimadas no município de Autazes e ao longo da BR-319.
“Em relação às queimadas temos percebido que a fumaça que tá encobrindo Manaus está vindo do baixo Amazonas, Pará e do município de Autazes. Ali naquela região, foram 108 focos de incêndio somente hoje. 52 homens e seis viaturas já trabalham no local. Hoje estamos enviando oito viaturas da Polícia Militar, quatro da Polícia Civil e mais quatro do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam) nesse combate” destacou Wilson Lima.
O governador Wilson Lima reforçou que as queimadas estão causando o fumaceiro que atinge toda a capital, provocando doenças pulmonares e oculares, inclusive, piorando os casos de problemas respiratórios em quem já sofre de sinusite, rinite e demais doenças relacionadas.
Nesta quarta-feira, 11/10, toda a capital foi tomada por fumaça, para se ter ideia da densidade, a ponte Jornalista Phelippe Daou, mais conhecida como Ponte Rio Negro, ficou sem visibilidade alguma aos condutores. Além disso, o forte odor de queimada gerou preocupação na população que sentiu os efeitos respiratórios do clima, que alcançou o índice de segundo com a pior qualidade do ar no mundo, conforme dados do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva).
O governador também disse que outros 64 homens vão atuar continuamente até que se contenha as queimadas na região.
“Hoje nós estamos com 600 homens em campo, incluindo os 31 municípios que representam aproximadamente 90% dos focos de queimadas. Ainda há pouco eu tive uma conversa com a ministra Marina Silva do Meio Ambiente pedindo um apoio no reforço a esse combate tanto de pessoal quanto de equipamentos. Também liguei para o ministro José Múcio da Defesa, para que ele pudesse disponibilizar aeronaves de grande porte. São muitos focos de incêndio e só por terra não conseguimos” frisou.
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Wilson Lima destacou que precisa do apoio mútuo do governo federal, de instituições, e de ONGs que atuam em favor da Amazônia e que dizem estar preocupadas com a região.

“Essa é a hora daqueles que estão preocupados, socorrer o povo da Amazônia. As pessoas do mundo afora só conhecem a Amazônia pela copa das árvores e esquecem suas verdadeiras raízes, que é a população nesse momento sofrendo muito com a estiagem”, afirmou Wilson Lima, que também relatou que a ajuda humanitária como alimentos, água potável e demais itens, estão sendo enviados para a população atingida pela seca severa.
Ações da capital
As medidas de reforço anunciadas pelo governador Wilson Lima, na ocasião do envio da tropa, no Porto do Ceasa, região Sul de Manaus, vão ao encontro com o pedido do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que destacou, em coletiva realizada na Ponta Negra, região Oeste, que os prefeitos da Região Metropolitana e os demais municípios precisam tomar medidas junto à população, e incentivar a agricultura familiar.
“Nós já temos implementado aqui na cidade, a ‘Agricultura sem Queimadas’, estamos desde junho visitando as escolas rurais, e as comunidades rurais. Temos aproximadamente quinze mil moradores na zona rural da nossa cidade e eles foram trabalhados e eles estão conscientes de que nós precisamos preservar” informou.

“Manaus fez a sua parte, cumpre com seu dever, com as suas obrigações, ademais, hoje a cidade apareceu como o segundo ar mais poluído no mundo em função dessas queimadas. E nós estamos sofrendo com o que está acontecendo no interior do Amazonas” destacou o chefe do executivo municipal.
O prefeito David Almeida anunciou que vai captar recursos do Fundo Amazônia para tentar auxiliar os demais municípios.
“Nós vamos captar recursos do fundo da Amazônia para, juntamente com os municípios da região metropolitana, implementar a agricultura familiar sem queimada. Nós estamos também com o ‘Manaus sem fumaça’ desde junho e não podemos ser punidos por fazer a nossa parte”, disse.












