Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As cooperativas que administram os serviços de ortopedia e cirurgia no Hospital 28 de Agosto e no Instituto Dona Lindu, ambos localizados na zona Centro-Sul de Manaus, anunciaram, nesta segunda-feira, 16/12, a saída de ortopedistas e cirurgiões da unidade. A medida deve afetar significativamente o atendimento à população, já que o Hospital 28 de Agosto é um dos principais centros de referência para cirurgias ortopédicas, atendendo tanto Manaus quanto pacientes do interior do estado.
A mudança na gestão do hospital, que passa a ser administrado pela Organização Social Agir, de Goiás, foi marcada por polêmica. De acordo com as cooperativas médicas, a nova gestão assumiu com um pagamento adiantado de R$ 31 milhões por parte do Governo do Amazonas. No entanto, o atraso nos salários dos profissionais de saúde e a possível redução na oferta de leitos podem agravar ainda mais a situação, que já enfrenta dificuldades.
A médica ortopedista Carol Antony, uma das profissionais afetadas pela situação, usou suas redes sociais para expressar sua indignação. Ela revelou que, atualmente, 110 pacientes aguardam na fila para cirurgias ortopédicas, mas esse número pode ser drasticamente reduzido para 36 leitos devido às mudanças inesperadas.
Atraso salarial
Carol Antony detalhou, em seu desabafo, que os ortopedistas não recebem salários desde agosto deste ano. Ela afirmou que, mesmo com o parcelamento de pagamentos acordado com o governo, a situação permanece insustentável.
“O governo teve que ‘negociar’ os dois últimos pagamentos de 2023 para serem parcelados em sete vezes. Nosso serviço é essencial para a população, e ficamos na mão, mesmo com o parcelamento. Temos que manter o que foi acordado, atuando nos hospitais, mas com salários atrasados, é impossível continuar sem comprometer a qualidade do atendimento”, explicou.
A médica ainda mencionou que, em setembro, o governo prometeu o pagamento de 50% dos salários atrasados, mas o valor não foi repassado, o que intensificou o descontentamento entre os profissionais.
Nova gestão
A categoria médica também foi pega de surpresa com a contratação da Organização Social Agir para assumir a gestão do Hospital 28 de Agosto. Carol Antony afirmou que a mudança de gestão pode resultar na redução da capacidade de atendimento da unidade em até um terço, o que afetará diretamente os pacientes, especialmente aqueles que já estão na fila de espera por cirurgias.
“Além dos salários atrasados, essa mudança é uma falta de respeito com a população amazonense. O Governo do Amazonas, ao entregar a gestão para uma empresa de fora, sem considerar a necessidade de manutenção da qualidade no atendimento, está prestando um desserviço à nossa população. Infelizmente, o Amazonas vive um grande estado de calamidade pública”, destacou a médica.
Resposta
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (SES-AM) para buscar esclarecimentos sobre a situação, a qual informou que o Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto está funcionando normalmente. “Não há problema de oferta de leitos e nem de atendimento. A unidade, inclusive, ganhou mais 50 novos leitos”, afirmou.
E em relação a mudança de gestão e a criação do Complexo Hospitalar Sul, formado pelo 28 de Agosto e Dona Lindu, a Secretaria acrescentou que “vem para dar maior eficiência e ampliar os atendimentos, oferecendo à população a mesma qualidade hoje ofertada no Hospital Delphina Aziz, que segue o mesmo modelo.”