Da Redação
MANAUS (AM) – O primeiro implante coclear, conhecido como ouvido biônico, realizado na rede pública de saúde do Amazonas, foi ativado nesta quarta-feira, 12/4, no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, na zona Norte da capital amazonense. O paciente, um menino de 4 anos recebeu os implantes nos dois ouvidos no início de março e aguardou em casa a cicatrização. A unidade hospitalar é a primeira da rede pública de saúde do Amazonas a ser capacitada para a realização deste tipo de procedimento.
A prioridade para a realização de um implante coclear é para pacientes que nascem com perda total de audição. A unidade é a primeira da rede pública a ser capacitada para a realização deste tipo de procedimento, que já existe na rede particular desde 2008, por cumprir as exigências da Saúde.
“Esse serviço é inédito na rede pública de saúde do Amazonas. A oferta de mais esse procedimento faz parte de uma série de investimentos que temos feito para aumentar a oferta de serviços a quem precisa. Quando nós assumimos o governo, em 2019, o Delphina tinha apenas 10 leitos de UTI e estava com apenas 30% da sua capacidade em funcionamento. Atualmente, o hospital conta com 383 leitos, sendo 180 de UTI, e com 100% da sua capacidade em operação”, disse o governador Wilson Lima.
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O procedimento foi realizado pelos médicos otorrinolaringologistas com especialização em implantes, Luiz Avelino Jr e Arthur Castilho e foi considerado um sucesso. O paciente é um menino de 3 anos e 11 meses, que recebeu os implantes nos dois ouvidos. A duração da cirurgia foi de 4 horas.
“A cirurgia foi ótima e deu tudo certo. Daqui a alguns dias a gente remove as suturas e em trinta dias faremos a ativação dos implantes e ele vai começar a escutar. A partir desse momento, ele começa a terapia também com fonoaudiólogos para que possa ter um aproveitamento e melhora da linguagem” comentou o médico Arthur Castilho.
A mãe da criança, Roberta de Oliveira, acompanhou o procedimento do filho do início ao fim. “Meu sonho mesmo é escutar ele me chamar de mãe. Sempre sonhei com isso. Eu já não acreditava, porque antes não tinha recursos para isso, e hoje tem. Espero que outras pessoas possam também ter essa oportunidade”, disse Roberta.
Os implantes cocleares são indicados para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa a profunda. A prioridade para a realização de um implante coclear é para pacientes que nascem com perda total de audição, e que tenham até quatro anos de idade para que seja aproveitada a janela de aquisição de linguagem oral que é desenvolvida neste período da vida.
“Imagine a importância de o Governo do Estado investir para realizar, pela primeira vez na história, essa cirurgia, aqui na rede estadual pelo SUS. É um grande avanço. Um momento histórico para a saúde do Amazonas”, disse o secretário de Saúde, Anoar Samad.
Procedimento cirúrgico
A cirurgia consiste em uma incisão atrás da orelha para acessar a cóclea, porção da orelha interna responsável pela audição, com uma pequena abertura é implantado um feixe de eletrodos junto ao nervo auditivo e fixado um receptor (antena) no crânio do paciente. Como a cóclea não varia de tamanho ao longo da vida, não será preciso trocar a unidade interna, com isso o procedimento é realizado uma única vez, sem a necessidade de ser refeito ao longo da vida.
O paciente recebe alta médica no mesmo dia e precisa retornar para retirada dos pontos e avaliação clínica após sete dias. No primeiro mês o paciente será acompanhado de maneira mais próxima para garantir que a recuperação e cicatrização tenha sucesso.
A cirurgia é considerada de alta complexidade por necessitar de uma rede de diagnósticos e um hospital capacitado com equipamentos especializados na área, e uma equipe grande de acompanhamento para que o paciente receba apoio para o resto da vida, seja para manutenção do aparelho ou para ajustes de reabilitação auditiva e oral.
Pacientes em idade adulta
Nos casos de pacientes com idade adulta, que perderam a audição gradativamente e que já utilizam o método comum, com uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), não há uma idade limite para a recomendação do procedimento, desde que sejam avaliados e se encaixem nos padrões previamente analisados por médicos especialistas, e seja identificado que o aparelho tradicional não oferece mais ganho de audição para a pessoa que a utiliza.
*Com informações da assessoria