Redação Rios
MANAUS (AM) – Yanomamis e outros povos indígenas do Médio Rio Negro são forçados a se deslocar para as cidades, em busca de registro civil e de outros documentos. Eles são submetidos a até oito dias de viagem e obrigados a permanecer acampados, em situação precária, na sede dos municípios, a fim de obter os benefícios sociais e previdenciários prestados pelo Governo.
Nessa segunda-feira, 19/6, em coletiva, o procurador da República Fernando Merloto Soave e a promotora de Justiça Karla Cristina da Silva Sousa exibiram um vídeo onde mostra o momento de desespero e sofrimento de mulheres e crianças indígenas no Centro de Barcelos, a 7.170 quilômetros de Manaus, durante um temporal que destruiu o acampamento onde o grupo se abrigava. Também participavam da coletiva os Yanomami Julião, Apolinário e Valzione.
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Uma ação foi protocolada pelo Ministério Público Federal na última sexta-feira, 16/6, e aguarda decisão da Justiça. No âmbito extrajudicial, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) busca ajuda de órgãos e representantes do setor privado para providenciar abrigo e assistência adequada aos indígenas durante o tempo de permanência deles nas sedes dos municípios.
“Acima da origem étnica, prevalece o Direito ao mínimo existencial dessas pessoas que vêm sendo submetidas a situações recorrentes de violação a direitos básicos, na busca por benefícios para os quais, muitas vezes, nem são elegíveis. Estamos atuando para garantir condições dignas de abrigo, alimentação e atendimento ágil a eles, cobrando atenção política das autoridades para essa situação”, declarou Karla Cristina.
“Estamos buscando a adequação dessas políticas públicas às condições de vida e práticas culturais de cada etnia, mas ainda prevalece uma invisibilidade dos Yanomami que habitam o Amazonas. Precisamos sensibilizar as autoridades para a urgência e gravidade da situação, de forma que o acesso a benefícios como o Bolsa Família e aposentadorias, por exemplo, sejam concedidos nas comunidades”, afirmou Soave.
A tabeliã e registradora do 1º Cartório de Registro Civil de Barcelos, Geiza Elem Souza de Matos, falou sobre a possibilidade de criação de um balcão virtual de atendimento.
“Não podemos normalizar a vulnerabilidade da população indígena em Barcelos, submetida a fome, frio e outras necessidades, que começam com a dificuldade de se comunicar. Destaco ainda o apoio que temos recebido das associações indígenas, para conseguir intérprete para intermediação do atendimento”, disse.
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