Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – “Está tudo muito caro e a gente precisa escolher o que comprar agora e o que pode deixar para depois”, a indagação é do assistente administrativo, Hebrom Campos, sobre a inflação impactar principalmente as famílias de baixa renda da região Norte do país.
Tanto no Norte, quanto no Nordeste, as populações de baixa renda têm sido as mais impactadas pela elevação da inflação. Mas no Norte do país a taxa acumulada em 12 meses, até março de 2023, foi ainda maior: 4,7%.
Conforme o Índice de Preços ao Consumidor regional, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a região Norte foi a única que registrou inflação para grupos de baixa renda maior em comparação com a alta de preços para aqueles de alta renda, os quais registraram inflação de 4,14%.
Com o ganho mensal de 1 salário mínimo, o amazonense Hebrom Campos, de 23 anos, viu o preço dos produtos no mercado crescer consideravelmente, desde a pandemia da Covid-19. “Antes, com o valor que eu fazia uma compra boa, hoje em dia eu preciso delimitar o que é essencial para comprar ou não”.
“Os itens que eu mais senti que ficaram caros foram o ovo, o leite, o açúcar, o arroz o pão de forma e a bolacha. Eu sempre consumi mais bolacha do que pão. Antes a bolacha era R$ 3 agora encontro apenas de R$ 5”, afirmou Hebrom.
Há poucos anos, o assistente administrativo conseguia fazer as compras para o mês com R$ 300. Atualmente, ele precisa de pelo menos o dobro para comprar os mesmos itens.
“A inflação é perversa, principalmente para quem tem renda baixa”.
Mourão Júnior, economista
A inflação é o aumento dos preços e a perda do poder de compra do consumidor, conforme explica o economista Mourão Júnior.
“Porque uma pessoa que antes ia para o supermercado com R$ 100 e comprava 3 kg de açúcar, no mês seguinte, com o aumento dos preços, ela vai no supermercado e compra somente 1,5 kg”, explicou.
Elevação dos preços
Grande parte da renda das famílias de baixa renda vai para a compra de alimentos. Por essa razão, quando há elevação no preço dos alimentos, os efeitos da inflação incidem de forma mais latente neste grupo.
No Norte, de acordo com a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, alimentos como farinha de mandioca, carne moída, polpa de fruta, pão francês, frango e sanduiches obtiveram alta nos preços.
Outros itens que comprometem maior parte do orçamento das famílias mais pobres como botijão de gás e serviço de eletricidade também apresentaram aumento nos preços.
Segundo o economista Mourão Júnior, o Brasil é um país de extensões continentais e, ao mesmo tempo, com grande desigualdade regional.
Nesse sentido, locais com baixo crescimento econômico e emprego sofrem ainda mais com o aumento dos preços. “O Norte e o Nordeste sofrem com a questão da baixa renda e de poucas vagas de emprego”, concluiu.