Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Mulheres, amigos e colegas de Julieta se reuniram no Largo São Sebastião, Centro, no sábado, 6/1, para protestar contra a violência de gênero, destacando a importância do evento “Julieta para Sempre”. A mobilização teve o objetivo de expressar indignação e homenagear a artista, tornando-a símbolo da luta contra a violência que assola as mulheres no Brasil.
Os organizadores do evento enfatizaram a urgência de encarar a dura realidade do feminicídio no país. Dados foram compartilhados durante a manifestação, apontando que uma mulher é morta a cada 6 horas no Brasil, conforme estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse alerta reflete a gravidade do problema e a necessidade de ações concretas para combater a violência contra as mulheres.
A ciberativista Apoena Grijó, uma das organizadoras, enfatizou a importância do evento como manifestação contra a violência que ameaça constantemente as mulheres.
“O evento ocorreu espontaneamente por diversos amigos e amigas da Julieta, que começaram a solicitar compartilhamento de informações. Essa união foi chegando a diversos grupos, instituições e ativistas, assim como quando começou a ser vinculada na imprensa convencional e atingiu também a população civil em geral. O propósito inicial era encontrar Julieta, desaparecida, mas infelizmente, o desfecho foi trágico, tornando-a mais uma estatística da insegurança enfrentada pelas mulheres no Brasil”, explicou Apoena, que é formada em licenciatura em filosofia, com especialização em ética pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Riomara Manfredini, conhecida como Rio e uma das presentes, compartilhou sua experiência e motivação para unir-se ao protesto. A estudante de teatro, mãe e pesquisadora em Bufonaria, destacou a importância do teatro como meio de denúncia das opressões sociais.
“O desaparecimento e o que aconteceu com ela me tocou muito, fiquei em estado de choque, é impossível a gente não se sentir tocado por isso, principalmente por mulheres que passaram por situações abusivas e situações como essa mexem com a gente. Foi ceifada uma vida de uma forma tão cruel”, relatou.
Riomara conheceu Julieta em um evento de palhaçaria e foi impactada pelo carisma da artista. A notícia do desaparecimento e cruel assassinato tocou profundamente Riomara, levando-a a abandonar a comodidade de sua casa para unir-se a outras mulheres no Largo São Sebastião.
O “Julieta para Sempre” transcendeu o luto individual, tornando-se um símbolo de indignação e homenagem à vida e coragem da artista. O protesto reuniu pessoas que, mesmo sem conhecer Julieta, entenderam a gravidade do caso, solidarizando-se com a perda e revoltando-se contra a morte de mais uma mulher.