Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Campeão de desmatamento, o município de Lábrea, no Amazonas, é apontado como sendo, em todo o Brasil, o que mais teve áreas desmatadas em 2022. Os dados são do Novo Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas, que indica que cerca de 62.419,5 hectares foram destruídos na região, no último ano.
O alto número de desmatamento em Lábrea fez com que o município amazonense ultrapassasse o índice de destruição da Amazônia, que antes era de Altamira, no Pará, local onde a degradação foi recorde por três anos consecutivos no relatório do MapBiomas.
Em terceiro lugar está o município de Apuí, situado cerca de 455, 27 quilômetros de distância de Manaus.
A região acumulou cerca de 61.036,4 hectares destruídos, um aumento de 59% de 2021 para 2022. Conforme o levantamento, a média diária de hectares destruídos no município foi de 171 ha/dia.
No ranking dos 50 municípios que mais desmataram em todo o Brasil, também aparecem outros municípios do Amazonas. São eles: Novo Aripuanã (29.534,6 ha), Manicoré (21.695,4 ha), Boca do Acre (21.396,7 ha), Canutama (19.612,6 ha) e Humaitá (16.371,4 ha).
Amazonas
Entre os municípios amazonenses, Juara apresentou maior aumento entre 2021 e 2022 de 87%. Por outro lado, Humaitá registrou queda no índice de desmatamento de -10%.
A pesquisa mostra que o Amazonas é o segundo Estado com maior área desmatada em 2022, com 274.184 ha, o que corresponde a 13% da área desmatada no Brasil. O Pará permanece em primeiro pelo quarto ano consecutivo com 456.702 hectares desmatados.
A soma das áreas perdidas no Pará, Amazonas, Mato Grosso (11,6%), Bahia (10,9%) e Maranhão (9,2%) representa dois terços do desmatamento do país em 2022, aproximadamente 66,2% do total de área degradada.
Em relação ao desmatamento em assentamentos rurais, das 25 áreas com os maiores índices de destruição, oito estão localizadas no Amazonas. Já entre os biomas brasileiros, o cerrado e a Amazônia foram os que sofreram mais desmatamento em 2022.
“A Amazônia e o Cerrado juntos respondem por 70,4% dos alertas e 90,1% da área desmatada em 2022. Embora o Cerrado tenha uma participação de apenas 8,3% no número total de alertas, a área total desmatada representa quase um terço do total devido ao tamanho dos alertas (32,1%)”
MapBiomas
Amacro & Agropecuária
O principal motor de desmatamento, de acordo com o MapBiomas, é a agropecuária. Em 2022, a atividade foi a responsável por 96% da área desmatada no país, o que corresponde a 1.969.095 hectares, dos 2.057.250 hectares destruídos, “consolidando-se como o principal vetor de supressão de vegetação nativa, entre outros vetores como garimpo, mineração, causa natural, expansão urbana e outros”, diz o estudo.
O estudo também aponta que as regiões de maior expansão da agropecuária são as que contabilizaram um aumento progressivo do desmatamento, sendo uma dela a área conhecida como Amacro, local de divisa entre o Amazonas, Acre, Rondônia. O local já é caracterizado como a nova fronteira de desmatamento da Amazônia.
A pesquisa revela que todos os municípios do Amazonas que aparecem no ranking do desmatamento fazem parte da Amacro.
Conforme a pesquisa “Dinâmica do Desmatamento na Região Amacro com o Sistema de Alerta de Desmatamento”, a área possui um importante papel para o avanço do desmatamento, o qual possui impactos para todo o planeta.
“Entre os principais impactos do aumento do desmatamento estão a redução dos tamanhos das florestas naturais que tem provocado diversos problemas ambientais em algumas regiões brasileiras, como o aumento das emissões de gases de efeito estufa e a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos. O resultado dessa devastação não atinge apenas a população amazônica, e tem impactos em escala nacional e mundial”
Dinâmica do Desmatamento na Região Amacro com o Sistema de Alerta de Desmatamento