Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A espera acabou para os admiradores brasileiros da icônica cantora Madonna, que já está no país para uma apresentação histórica e gratuita no Rio de Janeiro neste sábado, 4/5. Com um público estimado em 1,5 milhão de pessoas, das quais 150 mil são turistas, segundo projeções das autoridades locais, o show promete ser um marco na cena cultural brasileira.
A vinda da artista, patrocinada pelo Banco Itaú em celebração aos seus 100 anos, marca a quarta vez que ela se apresenta no país, com passagens anteriores em 1993, 2008 e 2012. O banco ressaltou a escolha de Madonna por sua trajetória de inovação e capacidade de reinvenção.
A empolgação com o evento alcançou diversas regiões do Brasil, incluindo a capital amazonense, onde fãs como Matheus Mota, jornalista e editor de texto, demonstraram seu entusiasmo. Matheus, que cresceu ouvindo as músicas da Madonna, compartilhou sua perspectiva em uma entrevista exclusiva para o Portal RIOS DE NOTÍCIAS.
O jornalista, um estudioso dedicado à carreira da artista e especialista em sua discografia, não poderá comparecer ao tão aguardado show de sua diva. Ele explicou que, embora tenha ponderado a possibilidade, uma série de circunstâncias o levou a desistir da viagem ao Rio de Janeiro.
“Fiquei me sentindo mal por não ir. O tempo entre o anúncio e data estavam muito próximos e eu me planejei para um show no segundo semestre. O show gratuito em Copacabana me deixou ainda mais receoso e aflito. Eu não queria isso. Eu lembro que no show dos Rolling Stones havia se formado um mar de pessoas na orla da praia e só de me imaginar naquela multidão, eu já estava passando mal. Ainda prefiro um show em estádio, mesmo que seja pago”, lamentou Matheus.
Para ele, Madonna tem grande influência no cenário cultural, sendo inspiração para artistas no mundo todo. Matheus destacou a complexidade de sua discografia e sua influência nas questões sociais e culturais. Em suas palavras, Madonna “transcende a mera estética e se torna um ícone de manifestos liberais em um contexto repleto de tabus e preconceitos”.
“É muito complexa, não só pelos temas tratados nas canções, mas pelas sonoridades que ela percorreu durante a carreira dela. A Madonna não ganhou o título de camaleoa do pop à toa. No início dos anos 80, ela lançou um álbum direcionado para as discotecas da época, já querendo conquistar as pistas de dança, característica artística dela que nunca se perdeu mesmo em álbuns mais sombrios como o ‘Erotica’ ou o ‘Ray of Light'”, explicou Matheus, ressaltando a importância de sua presença no Brasil para os fãs e para a cena pop.
Cada passagem de Madonna pelo Brasil, ele explica, não se limita a um evento musical, mas um marco na forma como os jovens encaram sua identidade e expressão pessoal.
“A Madonna nos faz sentir livres para mostrarmos todas as nossas facetas, sem medo de julgamentos ou estereótipos. A Madonna causa isso na gente. Passamos a não tentar nos encaixar em rótulos. Ela transcende sua música, cria e transforma culturas”, declarou.
Expectativa na bagagem
De malas prontas para a capital carioca, o jornalista Alexandre Pequeno vê na ocasião uma oportunidade de testemunhar a diva do pop em terras brasileiras. Fã de Madonna há mais de uma década, Pequeno expressa sua empolgação com a viagem para o Rio de Janeiro. Com um histórico de devoção à cantora, Alexandre reflete sobre a importância do momento.
“Eu nunca tive a oportunidade de ir num show da Madonna. Na última vez em que ela esteve no Brasil foi em 2012 e eu estava na faculdade. Não tinha condições e dessa vez, acho que é muito marcante porque é o encerramento da turnê Celebration, que celebra os 40 anos de carreira dela. É um momento muito marcante para nós que somos fãs brasileiros de ter essa oportunidade de conferir o show”, revela.
Além disso, o jornalista destaca o impacto revolucionário da artista na indústria musical e ressalta o papel de Madonna como porta-voz de questões sociais e de saúde pública, incluindo a conscientização sobre o HIV/AIDS.
“E quando a gente fala de conteúdo, de temática na música, de sexualidade, de religiosidade, de libertação feminina, temas que jamais eram debatidos, jamais eram lançados naquela época, Madonna surge para dar voz às mulheres e pessoas marginalizadas. Uma série de temas sensíveis que ela tocou, como a AIDS por exemplo, a pandemia dos anos 80, muito estigmatizada. E Madonna se colocou como um ícone de combate, de combate porque ela perdeu muitos amigos para a doença. Ela, inclusive, coloca na turnê, atualmente, um momento dedicado às pessoas que morreram em decorrência de complicações da AIDS”, pontuou Pequeno.
“Eu fico pensando, às vezes, no que Madonna representa para o mundo. Eu olho para as grandes turnês de artistas pop da atualidade, como Dua Lipa, Lady Gaga, Beyoncé e vê que a Madonna moldou todo esse formato de estrutura de palco, de show, a própria performance, a forma com que elas dividem os atos, toda essa encenação. Isso foi Madonna que criou lá atrás”, pontuou o jornalista.
Com a aproximação do show no Rio de Janeiro, Alexandre se prepara para uma experiência única e memorável, que fortalece os laços entre a diva pop e seu público brasileiro, que é um dos mais apaixonados do mundo.
“O Brasil é um dos países que mais consome Madonna no mundo, sendo São Paulo a capital que mais consome. Então, ela dá esse presente para o público brasileiro nesse momento. É de uma alegria enorme. Eu acredito que seja um momento realmente muito marcante e histórico para todos nós”, afirmou.
“Se eu tivesse uma oportunidade de falar algo para Madonna pessoalmente seria para agradecer por todo esse impacto, por toda essa força, por toda essa contribuição. Agradeceria por ser uma pessoa que está entre nós e continua sendo a maior artista pop de todos os tempos”, concluiu.