Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Haianny Paiva Almeida, mãe de um menino autista de três anos, relatou em suas redes sociais, que o filho sofreu discriminação em uma creche localizada na zona Oeste de Manaus. Segundo ela, em um evento ocorrido no dia 13 de abril, a criança foi isolada em uma sala enquanto os colegas se preparavam para uma apresentação. Ela recebeu fotos enganosas do filho aparentemente participando, mas na verdade estava sozinho.
De acordo com a denúncia em sua conta no Instagram, enquanto as outras crianças se caracterizavam para a apresentação, a auxiliar da creche colocou o menino em uma sala separada, excluindo-o do momento.
A mãe também alertou outros pais a investigarem a rotina de seus filhos e destacou a importância da assistente terapêutica (AT) particular de seu filho, que detectou a exclusão e iniciou a investigação por meio das câmeras da escola.
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS nesta sexta-feira, 26/4, Haianny expressou indignação, afirmando que a instituição será responsabilizada legalmente. Ela confirmou que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na última segunda-feira, 22/4, e retirou o filho da creche.
Almeida também detalhou o episódio de exclusão social que ocorreu durante o dia da feira do livro, onde eu filho foi separado dos colegas e deixado sozinho em uma sala pela professora auxiliar, enquanto os demais se preparavam para uma apresentação.
“O Benício ficou isolado numa sala e a professora auxiliar permaneceu com ele, sem nenhum tipo de interação. Ficou distante, deixando-o no chão, em um lugar onde outras pessoas passavam pelo Benício e fingiam não vê-lo, enquanto todos se vestiam juntos em concentração coletiva para a apresentação. O Benício não participou do momento. Quando a assistente terapêutica dele chegou e detectou a exclusão, foi questionar o motivo dele estar isolado. Só aí é que elas pedem para buscá-lo e ele se juntou aos outros, já caracterizados”, relatou a mãe.
Haianny ressaltou a importância da previsibilidade para crianças autistas, destacando que a falta de instrução da creche e o descaso da equipe comprometeram o bem-estar de seu filho.
“O autista precisa de previsibilidade do que deve acontecer (vestimenta da fantasia), fato do qual deveria ser instrução da creche e comprometimento com a educação. O Benício, claro, não aceitou e criou resistência e, depois de muita insistência, conseguiram vesti-lo atrasado e sem nenhum tipo de preparação, tornando a apresentação triste e sem foco”, disse.
Ela conta que solicitou as filmagens do incidente e confrontou a direção da escola, que admitiu o erro. No entanto, a escola não tomou medidas para substituir a professora auxiliar responsável pela exclusão, gerando desconforto e insatisfação.
“Pedi as imagens na segunda [15/4]. A Direção da escola analisou as imagens junto comigo e ficou perplexa e abismada, dizendo-se ‘envergonhada’ do que estava assistindo, e considerando ‘inadmissível’. Constataram a exclusão social feita com meu filho e assumiram o erro. A professora auxiliar foi chamada e questionada, respondeu que ela o isolou porque quis. Diante disso, eu pedi que a escola tomasse providências, visto que essa mesma professora fez a mesma coisa em 2023, separando Benício das demais crianças no refeitório”, reclamou.
“A responsável pela escola me disse que a professora auxiliar não seria substituída, nem trocada de sala e nem desligada, e sugeriu que Benício fosse trocado de sala, outro absurdo que gerou minha revolta!”, complementou.
Superlotação
Haianny também denunciou que a creche enfrenta superlotação devido ao não término das obras de outra escola da rede, resultando na mistura de alunos de diferentes idades.
“Devido a superlotação, uma turma ocupou o espaço do refeitório e as crianças da creche passaram a comer dentro da sala. Meu filho parou de comer depois disso, além de ficar com a área do parquinho sempre lotada”, acrescentou.
O que diz a Creche
Em nota divulgada na quinta-feira, 25/4, a instituição escolar lamentou o incidente e destacou seu compromisso com a inclusão. A creche afirmou que investiga o ocorrido e tomará as medidas necessárias para esclarecer o caso.
Na nota, a creche informou que possui mais de 20 crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e deficiências, todas integralmente inseridas no processo educacional, com acompanhamento de profissionais especializados.
“Adotaremos todas as medidas legais cabíveis para esclarecimentos de todas as informações divulgadas nas redes sociais a fim de agirmos com firmeza e sobriedade, para que a verdade e a justiça prevaleçam. Aproveitamos para socializar que estamos trabalhando em processos para aperfeiçoar cada vez mais nossa jornada educacional com todo o amor, dedicação, inclusão e cuidados, valores esses que cultivamos nesses 10 anos de jornada da família Planeta Bebê”, informa trecho da nota.