Letícia Rolim – Rios de Notícias
AMAZONAS – No Brasil, a região Amazônica, que abrange Estados como Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, além de partes de Mato Grosso e Maranhão, enfrenta uma preocupante crescente de casos de malária, concentrando 99% das transmissões no país.
Dados do Ministério da Saúde mostram que neste ano o país registrou 21.273 casos nos dois primeiros meses de 2023, representando um aumento de 12,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, apesar de ser uma das regiões com a maioria dos casos no país, o Estado apresentou redução de 5,63% nos casos de malária registrados de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.
No entanto, 80% dos casos fora da região Amazônica são importados de estados endêmicos e países amazônicos ou africanos. A transmissão residual da malária persiste em estados extra-amazônicos, especialmente em áreas de Mata Atlântica, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A elevada incidência de malária no Brasil é reflexo do ambiente propício que contribui para as estatísticas da doença. Diante desse cenário, o país reforça as formas mais eficazes de combate à malária com ações coordenadas e eficazes das autoridades de saúde.
Como é transmitida
A malária, doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, encontra na picada do mosquito Anopheles sua principal via de transmissão. Conhecido por diversos nomes, como carapanã e sovela, esse mosquito, abundante ao entardecer e amanhecer, encontra seus criadouros em locais com água limpa e sombreada, comum na Amazônia Brasileira.
Embora o ciclo de transmissão envolva o parasito Plasmodium, o mosquito Anopheles e os humanos, somente as fêmeas desse mosquito são capazes de transmitir a malária. O ciclo tem início quando o mosquito infectado pica um indivíduo, sugando o sangue com os plasmódios. No mosquito, esses parasitos se multiplicam, completando o ciclo quando os mosquitos infectados picam outro indivíduo, transmitindo os parasitos.
O período de incubação varia conforme a espécie de Plasmodium: sete dias para Plamodium falciparum, de 10 a 30 dias para P. vivax e 18 a 30 dias para P. malariae. É importante destacar que a malária não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa, sendo a picada do mosquito a rota predominante.
Além da transmissão via mosquitos, casos mais raros de transmissão incluem transfusão sanguínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de laboratório e transmissão congênita.
Tratamento
Após a confirmação do diagnóstico de malária, os pacientes iniciam um regime ambulatorial, recebendo gratuitamente os comprimidos necessários nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A hospitalização imediata é reservada apenas para pessoas que apresentam sintomas graves.
O tratamento adotado é personalizado, levando em consideração a espécie do protozoário, idade, peso, condições associadas (como gravidez) e a gravidade da doença. Vale ressaltar que, quando realizado corretamente e em estágio inicial, o tratamento garante a cura da malária.
O diagnóstico preciso, seguido por um tratamento adequado, é uma forma importante de interromper a cadeia de transmissão, reduzir a gravidade e minimizar a letalidade da malária.
Cuidados
Mesmo em áreas consideradas de baixo risco, a conscientização sobre a existência da malária é crucial, e cuidados devem ser tomados. As medidas de prevenção individual incluem o uso de mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, além do uso de repelentes.
Para uma proteção coletiva eficaz, são implementadas medidas como a borrifação residual intradomiciliar, uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração, drenagem e aterro de criadouros, pequenas obras de saneamento, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento das condições de moradia e trabalho, e o uso racional da terra.
Essas ações não apenas reduzem o risco de transmissão da malária, mas também contribuem para a melhoria das condições de vida em comunidades vulneráveis. A prevenção, tanto individual quanto coletiva, é uma ferramenta importante contra essa doença que impacta diversas regiões do mundo.