Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – De uma pequena vila, Manaus foi elevada, no dia 24 de outubro de 1848 à categoria de cidade. A data celebra o aniversário de capital, que completa 354 anos nesta terça-feira, 24/10. Desde então, ao longo dos séculos, a cidade acompanhou as mudanças históricas com a construção de diversos prédios, monumentos e espaços públicos. Alguns deles também sofreram alterações seja em suas finalidades, na estrutura e até mesmo no nome.
Conforme o livro “Manaus, história e Memória”, do historiador Aguinaldo Figueiredo, a história sobre o aniversário de Manaus carrega algumas controvérsias. Isso porque o dia 24 de outubro faz referência ao momento em que a então vila se tornou cidade. Já a idade, 354 anos completos em 2023, faz alusão à construção do Forte de São José do Rio Negro em 1669.
Em seguida, Manaus é definida como capital da província do Amazonas. De acordo com Aguinaldo Figueiredo, nesta época, a região possuía estrutura similar a de um vilarejo. No entanto, com o passar dos anos, passou a se modernizar, principalmente nos tempos áureos da borracha.
Nesta época, governantes da época optaram em usar os recursos para construir a infraestrutura física e urbanizar a cidade a partir dos padrões europeus.
“Assim, muitos dos edifícios históricos que temos hoje são dessa época áurea, mas, tudo isso foi realizado para o deleite dos ricos da cidade, na periferia a pobreza e as condições de vida precárias continuaram até os dias de hoje”, diz o historiador.
Igreja de São Sebastião
Um dos frutos da Belle Époque Amazônica é a Igreja de São Sebastião. Segundo Figueiredo, ela foi inaugurada em 8 de setembro de 1888, sendo edificada no terreno de Antônio Lopes de Oliveira Braga.
“Em estilo eclético o prédio engloba elementos do Gótico e do Neoclássico, com vitrais e painéis europeus completando sua decoração interior. As pinturas, incluindo a cúpula e as paredes, foram trazidas da Itália e são de autoria de Silvio Centofanti, Francisco Campanella e Ballerini. A maior delas, pintada por Ballerini no teto, mostra o martírio de São Sebastião”
Aguinaldo Figueiredo, historiador
A igreja possui uma característica que chama atenção: possui apenas uma torre, ao invés de duas, como as tradicionais igrejas da época. Há historiadores, conforme Aguinaldo, que explicam que as peças da igreja foram perdidas em um naufrágio de um navio que tinha como destino a capital amazonense.
Outros historiadores afirmam que as peças nunca foram embarcadas, por falta de pagamento dos adquirentes. Aguinaldo defende que a versão mais próxima da verdade é a da igreja, “que não permite que templos católicos que não sejam matrizes tenham torres duplas, de acordo com informações do historiador Antônio Loureiro em sua obra: Um Passeio Pelas Praças de Manaus, Memórias e Histórias”.
Hotel Cassina
O Hotel Cassina, localizado hoje na rua Bernardo Ramos, 295, na praça Dom Pedro II foi construído, de acordo com o historiador Daniel Sales, entre 1898 e 1899, sendo inaugurado em 1899, em plena época áurea da borracha. O nome do antigo hotel de luxo homenageava o empresário italiano Andreá Cassina.
“Na época do ‘boom da Borracha’, principalmente no período entre 1900 e 1910, as diárias possuíam alto preço e variavam entre 20$000 e 30$000 [equivalente de R$ 20 mil a R$ 30 mil]”
Daniel Sales, historiador
Anos depois, o hotel se tornou uma pensão. Em seguida, passa a se chamar “Cabaré Chinelo”. Conforme Daniel Sales, o local foi fechado em 1958. O abandonado da estrutura fez surgir crescimento de mato dentro do hotel e ao redor da fachada. No entanto, em 2019 o local foi revitalizado, sendo transformado em um local que sedia empresas e startups.
“Foi somente em 2019 que houve um projeto para reativar dezenas de prédios públicos da cidade e foi posto em prática. Foi contratada uma empresa para esse serviço. Hoje o local é um centro cultural, com presença de público”, disse Figueiredo.
Cemitério São João Batista
O projeto do cemitério de São João Batista foi concebido, conforme o historiador Aguinaldo Ribeiro, em 1890, quando a Intendência Municipal de Manaus autorizou a realização de obras de desmatamento, nivelação e edificação da cerca de arame farpado. Ele foi inaugurado em 5 de abril de 1891.
“Seu primeiro sepultamento ocorrido em 19 de abril do mesmo ano, recebendo o corpo do Dr. Aprígio de Menezes, médico e político baiano e o primeiro estudioso a sistematizar dados de História do Amazonas”
Aguinaldo Figueiredo, historiador
Antes da construção do cemitério de São João Batista, os sepultamentos eram realizados no cemitério de São José, localizado em frente à praça 5 de Setembro, e no cemitério São Raimundo, localizado no bairro de São Raimundo.
No entanto, o governador da época, Eduardo Ribeiro, determinou o fechamento dos dois cemitérios por apresentarem péssimas condições para a realização dos sepultamentos.
“Em 1905, na gestão do coronel Adolpho Lisboa, foram construídos os muros voltados para a avenida Álvaro Maia e rua Major Gabriel, incluindo seus portões de ferro de origem escocesa e a capela em estilo neogótico, inaugurada em 1906 e reformada em 1915. Os outros muros foram erguidos na administração do Dr. Basílio Torreão Franco de Sá, em 1922”
Aguinaldo Figueiredo, historiador