Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Manaus registrou aumento de 14,64% no número de estupros de crianças e adolescentes, com 605 casos em 2024, conforme levantamento realizado pelo Portal RIOS DE NOTÍCIAS, baseado em dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM).
Ao todo, foram 77 registros a mais em comparação com o ano de 2023, onde 526 estupros foram contabilizados. Ainda de acordo com os dados da SSP-AM, o mês de agosto apresentou o maior número de casos de estupro de vulnerável, totalizando 75 registros, frente aos 45 do mesmo mês em 2023.
Estupro de vulnerável
O crime de estupro de vulnerável é quando menores de 14 anos, pessoas com deficiência ou indivíduos que não têm como oferecer resistência por qualquer motivo (embriaguez, entorpecimento, entre outros), se tornam incapazes de se defender do crime.
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Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, a cientista social e pesquisadora do Observatório da Segurança do Amazonas, Tayná Boaes, explica que o aumento no número de casos está relacionado a subnotificação. “Nós estamos falando de uma violência que é subnotificada e ainda pouco denunciada“, afirma.
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“Ou seja, os números de estupros vulneráveis são bem maiores e nós não temos a verdadeira dimensão de quantas crianças e adolescentes estão sendo afetadas por essa violência sexual, perpetrada em sua maioria dentro de casa, por familiares e pessoas conhecidas.”
Tayná Boaes, pesquisadora do Observatório da Segurança do Amazonas
Nessa sexta-feira, 21/2, um caso chamou atenção com a apreensão de um adolescente de 17 anos, suspeito de estuprar, produzir, armazenar e vender vídeos pornográficos dos filhos de sua própria namorada, uma mulher de 31 anos de idade, que também ajudava na exploração sexual.
As vítimas são uma criança de três anos e dois adolescentes, de 12 e 14 anos. Segundo a polícia, o crime ocorreu no bairro Colônia Terra Nova, na zona Norte de Manaus. O casal chegou a viciar a vítima mais velha com entorpecentes e obrigava o adolescente a realizar os programas sexuais em troca das drogas.
De acordo com a especialista, esses estupros são agravados por fatores culturais, socioeconômicos e estruturais que desencorajam as vítimas a denunciar o crime. Além disso, Tayná Boaes destaca que a geografia do Amazonas, com seus inúmeros municípios ribeirinhos, contribui para deixar invisível a realidade da violência sexual cometida no interior do estado.
“O Amazonas tem uma característica de possuir municípios ribeirinhos. A locomoção fica mais comprometida para acessar delegacias e perícias especializadas que ficam centralizadas na capital, onde a incidência desses casos estão cada vez maiores“, pondera a pesquisadora.
Denúncia
As denúncias sobre crimes contra crianças e adolescentes podem ser registradas na unidade policial mais próxima do local onde aconteceu o fato ou pela Delegacia Virtual (Devir). A vítima, ao ser atendida, recebe atendimento médico especializado, além de um encaminhamento para uma rede de assistência social.
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Logo em seguida, ao registrar o Boletim de Ocorrência (BO), o caso é levado para Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), que dará andamento às investigações.