Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Movimento Brasil Livre (MBL) gerou polêmica ao gravar um podcast com o título provocativo “Precisamos destruir a Zona Franca de Manaus”. Durante a transmissão, três membros do grupo, Pedro D’eyrot, Ricardo Almeida e Renato Impera, fizeram críticas ao modelo econômico da região, ironizaram a representação política do Norte e Nordeste e sugeriram que o Brasil deveria priorizar São Paulo.
O coordenador nacional do MBL, Ricardo Almeida, expressou sua oposição à Zona Franca de Manaus, afirmando que seu funcionamento seria um “símbolo de falta de planejamento brasileiro”. Na descrição do vídeo, ele escreveu:
“Eu cresci ouvindo que a Zona Franca de Manaus era um importantíssimo polo industrial para o Brasil, mas até mesmo questões geográficas obrigam condições especiais (e caras) para que a logística e a operação das indústrias funcione, o famoso ‘para que facilitar se podemos complicar?’. Já passou da hora de encerrar as atividades deste símbolo de falta de planejamento brasileiro“, disse.
Os integrantes ainda sugeriram que, em vez de manter a Zona Franca em Manaus, o Brasil deveria criar uma “Zona Franca de São Paulo”, beneficiando o estado e criando alíquotas especiais para região.
“A minha tese é o contrário, a minha tese é: São Paulo deveria ser a Zona Franca do Brasil. Por quê? Porque a gente está inserido num ambiente de hipercompetitividade global, então a gente tem que pegar aquilo que a gente faz bem e exponencializar aquilo que a gente faz bem”, disse Pedro D’eyrot, um dos primeiros membros do MBL em 2014.
Pedro afirma que a medida aumentaria a renda do estado, permitindo sua redistribuição para outras regiões, o que ele chamou de “mesada” para os estados.
“O que existe de indústria brasileira está hoje de fato em São Paulo, então ao invés de estar na Zona Franca em Manaus, que é uma distorção absurda, mete a Zona Franca em São Paulo, cobra um imposto, sei lá, um imposto de renda baixinho aí de 10%, 15% e cresce muito, muito com essa Zona Franca de São Paulo, gera muita renda, muita receita e aí a gente banca o resto dos países que não são desenvolvidos e aí manda mesada sem problema”, disse D’eyrot.
Renato Impera, que se define como youtuber de react, expressou de forma enfática sua oposição ao modelo econômico amazonense durante o comentário: “Quanto que eu odeio a Zona Franca”

Política ‘cuscuz com açaí’
Ao longo do episódio, os integrantes do MBL deram declarações que sugerem uma visão centralizadora do desenvolvimento econômico no Brasil. Ricardo Almeida lamentou a falta de força política do Sudeste:
“O Sudeste não tem representação, não está com força, dado que o presidente é pernambucano, o presidente da Câmara é paraibano, e o outro cara é do Amapá. Tem umas figuras assim do Norte e Nordeste.”
Pedro D’eyrot fez um comentário irônico ao comparar a atual política brasileira com uma suposta “subrepresentatividade” do Norte e Nordeste:
“Parece que a gente saiu da política café com leite e agora foi para a política cuscuz com açaí, né? Essa é a grande sacanagem, porque é uma subrepresentatividade do Norte e Nordeste que não tem lastro econômico e não tem lastro populacional.”