Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), falou pela primeira vez nesta quinta-feira, 19/12, sobre a nota divulgada pelos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, contrária a uma nova licitação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa referente a vendas de ingressos no 58° Festival Folclórico de Parintins, em 2025.
“Há a questão da licitação que foi rodada pelo estado para a comercialização dos ingressos, nós fizemos isso porque essa foi uma recomendação do TCE [Tribunal de Contas do Estado] e do Ministério Público. A minha interferência nesse processo e a interferência do estado, ela é mínima”, disse o governador em entrevista concedida a uma rádio local.
As associações folclóricas dos bumbás alegam que a decisão de se fazer este novo processo licitatório, conforme apontam os bumbás, foi tomada sem consulta ou anuência das agremiações, o que para elas “desrespeita décadas de tradição e compromete a essência do maior festival folclórico do Brasil”.
“Quando assumi o governo, uma das primeiras reuniões que tive com os bois foi para dizer que eles precisam caminhar para uma condição de independência. Eles têm renda suficiente para isso. Só no ano passado, o volume de patrocínios foi recorde”, destacou Wilson Lima.
O chefe do executivo estadual, no entanto, fez questão de ressaltar a contribuição de sua gestão para a realização do Festival de Parintins, ressaltando toda a mobilização de estruturas de saúde, segurança, turismo e a cedência do espaço para as apresentações (Bumbódromo).
“Boa parte da estrutura da festa é mantida pelo estado, diria que cerca de 60%. E eu até acho que o boi não caminha sozinho, sem ajuda do estado. Não há a menor possibilidade do boi caminhar sem o estado, pelo menos nesse momento. […] Enfim, fazemos uma série de procedimentos para que efetivamente possam ser recebidos os visitantes lá em Parintins”, completou.
Um ofício conjunto, com a notificação extrajudicial sobre o processo licitatório, foi enviado diretamente ao titular da Secretaria de Cultura, Cândido Jeremias. Para os bois, o processo deve ser imediatamente suspenso e o diálogo deve prevalecer para assegurar o respeito às tradições, à autonomia e à cultura de Caprichoso e Garantido.
Decisão Judicial
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) decidiu suspender a medida do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) que havia interrompido atividades da Amazon Best Turismo e Eventos Ltda. no Festival Folclórico de Parintins, que acontece em 2025.
O desembargador Flávio Humberto Pascarelli Lopes afirmou que a empresa pode continuar suas ações, garantindo também que os bois Caprichoso e Garantido possam seguir como organizadores do evento.
A decisão foi tomada após o escritório Garcia e Coimbra, que representa a Amazon Best, contestar a ação do TCE-AM. O contrato entre a Amazon Best e os bois Caprichoso e Garantido, que inclui a venda de ingressos e a operação do atendimento ao público pagante, foi mantido.
O desembargador explicou que, por se tratar de um acordo privado, sem o uso de dinheiro público, o TCE-AM não tem autoridade para fiscalizar.