Lauris Rocha e Diana Rodrigues – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A circulação de veículos pesados nas ruas de Manaus em horários inapropriados é um problema recorrente que assusta motoristas e pedestres da capital. O decreto municipal Nº 2100/2013, que criou a “Zona Máxima de Restrição de Circulação”, regulamenta a utilização dos principais corredores viários, mas na maioria das vezes as regras para caminhões e carretas são descumpridas pelos condutores destes tipos de veículos.
Na região Sul de Manaus, local que abriga portos privados, acidentes com carretas evidenciam a necessecidade do cumprimento do decreto municipal. Neste mês, uma carreta capotou próximo a região dos portos e quase caiu em cima de um pedestre. “Sorte” essa que não teve o ex-marinheiro Ítalo Silva Prado, esmagado por um contêiner no dia 3 de setembro deste ano.
Diante destes acontecimentos, a reportagem do Portal RIOS DE NOTÍCIAS foi às ruas de Manaus conversar com motoristas e especialista sobre o cumprimento da “Zona Máxima de Restrição de Circulação” de veículos pesados na capital.
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O vigilante Paulo André, de 48 anos, observa o grande fluxo de carretas e os constantes acidentes de trânsito na área onde mora na zona Sul da cidade.
“Todo dia tem acidente com as carretas. Na Vila Buriti, semana passada, a carreta veio na contramão e subiu o meio fio, se tivesse carro lá tinha passado por cima do pessoal. Acho que a fiscalização feita pelo IMMU é insuficiente, porque a maioria só vistoria motos e carros pequenos. Cadê as carretas grandes? Tem que ter fiscalização, porque tem muitas pessoas que não tem capacidade de dirigir”, ressaltou.
Para o vigilante tem que haver estudos técnicos e fiscalização para todos os veículos, principalmente, para as carretas que trafegam em alta velocidade.
“Olha um negócio desse aqui, ele [veículo] vem ali do sinal para as pistas de corrida e quer atravessar de uma vez, claro que vai ter acidente, então tem que ter controle. As autoridades têm que fiscalizar essas carretas, muitos [motoristas] têm a carteira vencida”, denunciou.
Descumprimento da Lei
Apesar do decreto municipal atualizado pela portaria Nº 66/2015, a retirada das carretas para a fluidez e segurança do trânsito em determinados horários não funciona na prática.
A Lei estabelece que caminhões e carretas com Peso Bruto Total (PBT) acima de oito toneladas são proibidos de circular das 6h às 9h e das 17h às 20h. Para veículos com mais de 16 toneladas, a restrição é das 6h às 17h e em algumas vias de Manaus a limitação é até às 20h.
Transitar fora desses horários sem a Autorização Especial de Tráfego (AET) resulta em infração grave, com multa no valor de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH [Carteira Nacional de Habilitação], além de retenção do veículo.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou também com Cláudio Maciel, de 51 anos, carreteiro há pelo menos 20 anos, que trabalha com uma carga em especial [cegonha] tendo que circular somente nas principais avenidas e não nas ruas estreitas dos bairros por conta do tamanho grande do veículo.
“Sobre a fiscalização, acho certo para melhorar o tráfego das carretas na cidade. Trabalho dentro da lei, mas tem outros que não. Fazem o mesmo serviço que eu, ganham a mesma coisa e gastam muito menos do que eu. Temos que ter engenheiros bons em Manaus, vou ser sincero essas obras que fazem aqui não resolve o problema no trânsito”, ponderou o carreteiro.
Especialista aponta soluções
Para o especialista em trânsito e transporte, Manoel Paiva, o desconforto, estresse, impaciência e a má qualidade do trânsito manauara em deslocamentos no dia a dia, são questões que incomodam a população e elas precisam ser discutida com a sociedade para melhorar a qualidade no trânsito, principalmente, sobre o cumprimento do decreto municipal Nº 2100/2013.
“Não basta só uma legislação que existe há mais de dez anos. É preciso infraestrutura adequada, monitoramento, operação do sistema viário, fiscalização permanente para essa operação ser cumprida, ser efetivamente exercida para evitar acidentes e transtornos. É necessário também preparação da mão de obra especializada e única [motorista de carga pesada], requalificação e reciclagem constante no seu comportamento no trânsito, para que ele seja um agente indutor do bom comportamento”, destacou ao riosdenoticias.com.
Para o especialista, o trânsito requer planejamento, engenharia de trânsito e processo de educação. É um conjunto onde não tem só um culpado pelos acidentes, muitos deles com mortes.
Resposta
Em resposta à reportagem, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) informou que, neste ano, “já realizou cerca de 40 Operações Carga Pesada em todas as zonas de Manaus, além das operações diárias mas áreas de restrição máxima. Essas ações resultaram em 276 infrações por transitar em local proibido e fora da faixa destinada ao mesmo”.
Confira as outras explicações do órgão para a circulação de veículos pesados nas ruas da capital amazonense.
“Em Manaus, a circulação de veículos pesados é restrita em algumas vias, de acordo com um decreto municipal. As avenidas Umberto Calderaro, Mário Ypiranga Monteiro, Maceió e Djalma Batista são as principais vias com essa restrição, onde veículos com até 16 toneladas não podem circular. Já nas avenidas Efigênio Sales e Rodrigo Otávio, a circulação é permitida, mas apenas no lado direito da via. Os veículos com até oito toneladas podem circular nesses locais no horário das 6h às 9h. Já os caminhões com até 16 toneladas podem circular das 9h às 20h.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), transitar em veículos com dimensões ou cargas superiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização é infração grave, equivalente a cinco pontos na Carteira de Habilitação, com multa no valor de R$ 195,23 e retenção do veículo”, concluiu.