Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O governo federal, comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem feito esforços para pagar emendas parlamentares no Congresso Nacional, no intuito de aprovar ainda neste ano o pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Integrantes do segundo escalão do governo foram orientados a priorizar esses repasses, de acordo com a Folha de S. Paulo, que revelou que o Planalto pagou R$ 7,6 bilhões em emendas, até a sexta-feira, 13/12.
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o analista político e advogado Carlos Santiago destacou que “chega a ser absurdo” o fato do governo federal tentar arrumar as contas públicas ao cortar gastos e o poder legislativo cobrar gastos com emendas parlamentares, que para ele “nem sempre são republicanas”.
“Um poder quer cortar gastos, outro quer recursos para manter a sua velha política clientelista, e outro poder nada em privilégios de penduricalhos, enquanto uma parcela significativa da população continua sem emprego, sem bons serviços públicos, e com salários baixos. O Brasil é esse teatro de horrores que estamos assistindo”, ressaltou Santiago.
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Carlos Santiago comentou que este contexto político que vive o Brasil reflete muito bem a péssima qualidade da política brasileira, dos governantes e das instituições. Segundo ele, o Brasil precisa avançar muito para se tornar um país justo, inclusivo e de fato “uma nação”.
“Isso para continuar o velho jogo do clientelismo e da troca de favores. Outra posição absurda é a do poder judiciário que continua sendo muito caro e prestando desserviços à sociedade, com membros ganhando milhões de reais na forma de penduricalhos, benefícios que chegam a ser até injustos diante das desigualdades”, complementou o especialista.
As emendas estavam “congeladas” devido a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que cobrou mais transparência, fiscalização e rastreabilidade em sua distribuição. No entanto, com a liberação, o governo espera agora que o Congresso aprove o pacote nesta semana, a última antes do recesso parlamentar.
O economista Altamir Cordeiro ressalta que o governo Lula guarda a aprovação do Pacote de Ajuste Fiscal, bem como a aprovação da Regulamentação da Reforma Tributária e também do Orçamento de 2025. Para ele, a liberação das emendas parlamentares é o melhor incentivo para que os parlamentares possam votar sem grandes alterações.
“As medidas de corte de gastos não estão dentro do aguardado pelo mercado e por essa razão, há incertezas sobre o rumo fiscal da economia. Inflação alta, taxas de juros elevadas e o câmbio em elevação, são sinais de que a economia está saindo do eixo. O governo precisa conter seus gastos, mesmo que isso traga prejuízos políticos”, disse Altamir.