Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Dia do Repórter Fotográfico, celebrado anualmente em 2 de setembro, nesta segunda-feira, é uma oportunidade para reconhecer e valorizar um trabalho que captura a essência da história e de profissionais que participam desses momentos decisivos de suas lentes para o mundo.
Para entender melhor o papel e as dificuldades enfrentadas e conselhos muito importantes para quem deseja seguir a profissão, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com repórteres fotográficos amazonenses que compartilham suas experiências e visões sobre o trabalho atualmente.
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Raphael Alves, fotojornalista, reflete sobre as mudanças nessa carreira: “dia do Repórter Fotográfico é um dia para reflexão. Antigamente, o fotógrafo profissional tinha um respeito automático. Hoje, a portabilidade das câmeras e os celulares mudaram isso. A nossa função agora vai além do registro imediato dos fatos, envolvendo reportagens mais aprofundadas e temáticas maiores“, ressalta o profissional.
“É importante refletir sobre a profissão, a questão do machismo, e as mudanças no mercado, como o aumento do trabalho freelancer e a necessidade de discutir condições trabalhistas como plano de saúde e seguro.”
Raphael Alves, fotojornalista
É preciso reconhecer a dedicação e os desafios enfrentados por esses profissionais, que vão além de simplesmente clicar uma foto. Para o fotojornalista, “eles são narradores visuais que capturam a complexidade e a profundidade dos momentos que moldam a nossa história“, salienta Raphael.
Marizilda Cruppe, fotojornalista independente e com uma trajetória que inclui trabalhos para o jornal O Globo até 2011, oferece uma visão crítica sobre a diversidade nas redações. “Há pouca diversidade nas redações de jornais, revistas e agências que fazem parte da mídia hegemônica e até nas mídias independentes“, diz.
Cruppe destaca a predominância de mais homens nas mídias hegemônicas e nas agências de freelancers. No entanto, ela observa uma crescente presença de comunicadores e comunicadoras indígenas, negros e transgêneros, que estão contribuindo com material de alta qualidade.
Com um trabalho independente, a fotojornalista além de tirar fotos, também pilota drones. E uma pequena parte do seu trabalho pode ser encontrada em seu próprio site Marizildacruppe.com focado em temas socioambientais e de direitos humanos.
Quem falou sobre o início da carreira e as dificuldades encontradas pelo caminho foi João Dejacy, fotógrafo do Portal Rios de Notícias. “Eu comecei a fotografar no começo da pandemia. Na época, eu estava fazendo biotecnologia na Ufam, mas já estava meio querendo desistir do curso“, contou.
“Comprei um curso de edição de imagens e depois um curso de fotografia. Minha família sempre foi da área, então comecei a aprender com a câmera do meu pai que, eventualmente, virou minha. Meu maior impulso para a fotografia documental veio do trabalho do Raphael Alves durante a pandemia. A forma como retratou a realidade me emocionou e chocou. A parte mais desafiadora é como retratar situações difíceis de forma que transmita o sentimento real das pessoas envolvidas. Isso é uma grande responsabilidade, pois estamos lidando com dores e vivências que não passamos pessoalmente.”
João Dejacy, fotógrafo do Portal Rios de Notícias
Para Rômulo Araújo, jornalista e professor de fotojornalismo, a relevância da profissão está na ideia de que uma imagem “vale mais que mil palavras“. Ele ressalta que o desafio diário de capturar uma boa foto vai muito além de simplesmente ilustrar uma manchete.
“Como professor de Fotojornalismo e com alguma experiência no mercado, reforço aos futuros profissionais dessa área que essa é uma profissão que tem o desafio diário de registrar a história e não apenas produzir as imagens que vão ilustrar o jornal do dia.”
Rômulo Araújo, jornalista e professor de fotojornalismo
Araújo enfatiza a importância de um olhar atento e profundo para captar a essência dos acontecimentos como parte de uma narrativa histórica. “No Amazonas, estamos muito bem servidos e essa é uma data que nos remete a isso, ao poder de uma imagem em falar tanto quanto mil palavras“, destaca.
À nossa reportagem, Junio Matos, fotógrafo-chefe da redação do jornal ACrítica, aborda o aspecto desafiador do seu trabalho. “Costumo encarar meu trabalho como uma guerra diária. Entrei no jornal como freelancer e hoje sou responsável pelo setor que ilustra as matérias diárias“, afirma.
“Já sofri agressões verbais, físicas e ameaças, mas nunca desisti, pois acredito que a missão de informar é mais importante que o meu bem-estar.” Matos ressalta o papel importante dos repórteres fotográficos em documentar eventos importantes, mesmo enfrentando dificuldades e resistência.
(Junio Matos)
“Alguns dos meus trabalhos mais importantes aconteceram durante a pandemia de Covid-19 que enfrentamos. Foi um ‘trampo’ bem difícil, desafiador, mas muito importante para a sociedade. Inclusive, foi tema do meu TCC em jornalismo”, finaliza.