Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Enquanto as autoridades continuam investigando as circunstâncias do ocorrido, especialistas tentam explicar sobre as possíveis causas do desastre aéreo, ocorrido no último sábado, 16/9, no município de Barcelos, a 400 quilômetros de Manaus, que ocasionou na morte de 14 pessoas, incluindo passageiros e tripulação.
O acidente envolveu um avião bimotor turboélice do modelo EMB-110, Bandeirante, fabricado pela Embraer, identificado pelo registro PT-SOG, e levantou questões sobre a segurança da aeronave, que tinha mais de 30 anos de uso, mas possuía autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para operações regulares.
Para compreender as implicações dessa tragédia, a reportagem do Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com especialistas em aviação civil.
Leia também: Acidente aéreo com 14 mortes é o quinto maior em 61 anos, no Amazonas
O piloto de linha aérea, Diogo da Luz, que já operou voos para Barcelos, observa que o mau tempo levou dois outros aviões a desistirem do pouso, enquanto o avião acidentado prosseguiu, pousando em condições meteorológicas desfavoráveis.
“Isso quer dizer que foi imprudência do piloto? Não sei. Porque pode ser que tenha sido outra a razão, a causa original”
Diogo da Luz, piloto
“Não apontar culpados prematuramente é essencial”, afirma da Luz. Além disso, o comandante de uma aeronave pode tomar decisões em nome da segurança, mesmo que isso signifique transgredir algumas regras. Ele enfatiza que o motivo exato do acidente só será conhecido após a investigação detalhada do CENIPA, um órgão especializado em acidentes aeronáuticos.
“A minha impressão, pura impressão, é que houve uma tentativa de ir além daquilo que seria possível. Mas a gente só vai ter certeza depois que o CENIPA, que é um órgão que faz investigações muito detalhadas, é um órgão da aeronáutica, que poderá dizer com muita precisão o que foi, o que aconteceu e quais foram as causas contribuintes“, explicou o piloto.
Além disso, Diogo esclarece que a idade da aeronave não é necessariamente um indicador de sua segurança, desde que seja mantida e operada de acordo com as regulamentações. Ele destaca que aviões mais antigos podem ser seguros, contanto que sejam usados dentro dos padrões estabelecidos.
Até o momento, as investigações continuam, e as autoridades esperam que o CENIPA revele as causas contribuintes do acidente. Enquanto isso, a comunidade aguarda respostas sobre esse trágico incidente em Barcelos, que levou a perda de 14 vidas.
“A gente vai ter que ter paciência, porque isso demora às vezes um ano, às vezes até mais, mas quando sai o relatório final vem a certeza do que aconteceu. Até agora sabemos isso, o pouso foi fora das condições regulamentares por causa da meteorologia, com o vento de cauda, mas as razões para que ele tenha feito isso nós ainda não sabemos e só as investigações nos darão certeza”, destacou da Luz.
Conclusões precipitadas
De acordo com o técnico em aviação civil, Deilson Gomes, é importante evitar especulações prematuras e mostrar solidariedade às famílias das vítimas neste momento difícil. Ele destaca que, quando ocorre um acidente aéreo, as autoridades examinam uma ampla gama de fatores, incluindo aspectos humanos, materiais operacionais e condições meteorológicas.
“Também são analisados o certificado médico aeronáutico, como o CMA (exame pericial que certifica a aptidão física e mental) dos tripulantes, a forma como ficou o pedaço da estrutura da aeronave, a distância entre um destroço e outro”, enumerou.
Gomes acrescentou que a aeronave em questão é o segundo bimotor mais vendido de sua época, o PT-SOG, sendo uma das últimas aeronaves do modelo produzidas pela Embraer, e que passou por boa parte das empresas regionais como Pantanal, TAVAG e, por último, a Manaus Aerotáxi.
“Era um modelo confiável, mas existem dúvidas sobre como ele pousou em Barcelos, já que chovia intensamente na cidade no momento do acidente. Mas é muito cedo para tirar conclusões definitivas sobre o que ocorreu”, concluiu.