Nayandra Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A professora Maria do Carmo Seffair (Novo) realizou críticas à gestão municipal de Manaus após o deslizamento de terra que vitimou um pai e sua filha no último domingo, 19/1, no bairro Redenção, na zona Centro-Oeste da capital amazonense.
A tragédia, que resultou nas mortes de Jeferson Araújo Pereira, de 32 anos, e sua filha Ester Amorin, de oito anos, gerou indignação na cidade, especialmente após declarações do vice-prefeito Renato Júnior, que sugeriu que o incidente foi causado por uma ligação clandestina de água feita por um morador.
Em um desabafo publicado em suas redes sociais, nesta segunda-feira, 20/1, Maria do Carmo se disse “devastada” com o ocorrido, destacando que a tragédia poderia ter sido evitada caso houvesse maior compromisso da Prefeitura de Manaus com a prevenção de desastres naturais. “Essa tragédia poderia ter sido evitada se não fosse a omissão e negligência do poder público“, afirmou a personalidade política, apelando ao Ministério Público para investigar os gastos da administração municipal.
A fala de Maria do Carmo foi direcionada principalmente à gestão do prefeito David Almeida (Avante) e à forma como os recursos da Prefeitura são administrados.
A empresária apontou que mais de 10 bilhões de reais estavam previstos para o orçamento deste ano, mas, segundo ela, o dinheiro tem sido mal investido, com contratos milionários para eventos e publicidade, enquanto áreas essenciais, como a prevenção de desastres, ficam em segundo plano.
“É um governo que gasta mais com propaganda do que com ações concretas para evitar mortes. Enquanto a cidade é negligenciada, a gestão se preocupa em esconder seus erros com publicidade”, criticou.
A professora também se referiu ao episódio em que Renato Júnior (Avante), em exercício como prefeito, responsabilizou o morador que realizou a ligação clandestina de água pelo deslizamento. Para Maria do Carmo, essa postura é inaceitável. “Essas pessoas não moram em locais perigosos por querer. Elas não têm opção. E o que a Prefeitura tem feito para garantir a segurança delas?”, questionou.
Para ela, o foco da administração de David Almeida tem sido desviado para interesses de curto prazo, como a realização de festas e a promoção da imagem da gestão, enquanto a população continua à mercê de tragédias previsíveis. “A nossa cidade não merece ser tratada assim”, afirmou Maria do Carmo. “É preciso mais do que palavras e publicidade. É necessário ação”, concluiu.
Deslizamento
O deslizamento ocorrido no domingo destruiu três casas e soterrou a família de Jeferson e Ester. O Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM) conseguiu resgatar com vida outras três vítimas, que receberam os primeiros atendimentos e foram levadas ao hospital. O desastre ocorreu apenas dez meses depois de outro desabamento na mesma área, que também destruiu diversas residências.
Em sua visita ao local, o vice-prefeito Renato Júnior explicou que uma ligação clandestina de água feita por um morador de um terreno acima da área afetada pode ter contribuído para a erosão do solo, que foi intensificada pela forte chuva que caiu sobre a cidade. Segundo Renato, a água da ligação irregular teria umedecido o terreno, causando o desmoronamento. “Não foi uma erosão convencional, mas um efeito de uma intervenção irregular”, justificou o vice-prefeito.
O secretário municipal de Habitação, Jesus Alves, esteve no local e anunciou que medidas emergenciais estão sendo tomadas para garantir a segurança das famílias ainda residentes na área. “Vamos oferecer o auxílio-aluguel e retirar as pessoas da área de risco iminente”, disse.