Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O pecuarista, apontado como grileiro, Bruno Heller, foi preso nesta quinta-feira, 3/8, em Novo Progresso, no Pará. Ele é apontado pelos investigadores como o “maior devastador” da floresta Amazônica já identificado. Segundo investigações, ele desmatou mais de 6.500 hectares de floresta, o equivalente a quase quatro Ilhas de Fernando de Noronha.
Preso em meio à ‘Operação Retomada’, que mira Bruno e seu grupo por terem se apossado de mais de 21 hectares de terras da União, com a finalidade de criar gado em território da Amazônia. Bruno Heller é considerado um dos maiores grileiros da região amazônica. São 11 autuações e seis embargos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por irregularidades, e perícias da Polícia Federal (PF), que indicam existência de danos ambientais ocasionados por suas atividades também na Terra Indígena Baú.
A investigação aponta que o pecuarista e sua família realizavam cadastros falsos no Cadastro Ambiental Rural em nome de terceiros, para depois, destinar a área à criação de gado. Ao menos 10 áreas contínuas na região foram registradas por Bianor Dal Magro, catarinense que realiza uma espécie de consultoria da grilagem na região.
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Bloqueios de bens
A operação que prendeu o empresário resultou no bloqueio de R$ 116 milhões, além do sequestro de veículos, 16 fazendas, imóveis e a indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado. Segundo a PF, todo esse valor não chega perto do reparo aos danos causados nas áreas afetadas pelo grileiro.
Bruno Heller ainda foi preso em flagrante com uma porção de ouro bruto e uma arma de fogo ilegal, detalhou a PF. O grileiro foi conduzido ao sistema prisional em Itaituba (PA), onde deve passar por audiência de custódia nesta sexta-feira, 4/8.
Histórico de invasão
As investigações da Polícia Federal identificaram que Bruno Heller teria começado a invadir e tomar posse de terras da União ainda nos anos 2000, em áreas que ficavam às margens da BR-163, que liga Santarém, no Pará, a Cuiabá, no Mato Grosso.
Os lotes grilados eram registrados no nome dele e de parentes – alguns até menores de idade. A maioria deles não chegava nem a residir na região, tão pouco realizavam atividade agropastoril – cultivo de trigo, cevada e outros cereais. A grilagem das terras era feita por meio de fraude no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Ele também é alvo de processos no Incra, que tenta retomar as terras da União. As investigações seguem em andamento.