Conceição Melquíades – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O investigador da Polícia Civil, Raimundo Nonato Machado, que também é jiujiteiro, será responsabilizado como coautor das agressões e responderá, também, em dois Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) por lesão corporal, praticada contra o advogado Ygor de Menezes Colares, que foi agredido e baleado na tarde dessa sexta-feira, 18/8, no condomínio Life, localizado no bairro Ponta Negra, na ocasião em que tentava apartar uma funcionária dele, que estava sendo espancada pela lutadora de jiu-jitsu Jussana Machado, esposa do policial.
Em nota ao portal RIOS DE NOTÌCIAS, a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que o caso foi registrado no 19° Distrito Integrado de Polícia (DIP) e a mulher será encaminhada à audiência de custódia e ficará à disposição da Justiça, após ter sido flagrada por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, lesão corporal e ameaça.
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A nota diz ainda, que a PC-AM não compactua com qualquer desvio de conduta de seus servidores e assegura que todas as transgressões administrativas são apuradas.
Conforme imagens da câmera de segurança do residencial, o investigador e mestre de jiu-jitsu entrega a arma para a mulher dele, Jussana Machado, com a arma em punho efetua o disparo contra o advogado, que também foi agredido pelo investigador de Polícia Civil, Raimundo Nonato Machado.
As agressões
Na delegacia, a babá, uma mulher de 40 anos, contou que há cerca de cinco meses vem sendo alvo de xingamentos por parte de Jussana. Ontem, ela saiu do elevador e passou pelo casal, que também seguia em direção a saída do prédio, rumo ao estacionamento.
Imediatamente, ouviu Jussana dizer: “ainda me olha torto essa fil…da put…”. Não contente, Nonato também a xingou e chamou de “vagabunda”.
Nesse momento, Jussana deu um empurrão na babá e passou a agredi-la com diversos golpes no rosto. Nonato, por sua vez, lhe incentivava a abater a vítima, e dizia para a lutadora bater na cabeça da vítima: “Bate na cabeça dela. Na cabeça dela, bate. Acaba a cara dela. Isso chuta, nao deixa ela levantar”, incentivava.
Vídeos gravados por celulares de outros moradores mostram o momento que o policial civil incentiva a agressão e, quando o advogado, patrão da babá, percebe o que está acontecendo e tenta intervir, o policial parte em sua direção e acerta um soco em Ygor de Menezes Colares.
Ocasião em que Nonato passa a arma de fogo para esposa.
Destemperada, a mulher aponta a arma para as pessoas que tentam intervir na situação, e ela dispara a arma e acerta o advogado.
Machucado, Ygor entra na guarita do condomínio em busca de proteção. Ferido, Ygor Colares foi ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA), depois à delegacia do 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde fez o boleti.
Jussana responderá pelo crime de porte ilegal de arma de fogo restrito e será encaminhado para Audiência de Custódia. Nonato assinou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). O casal já tem Boletins de Ocorrência (BOs) pelos crimes de injúria e ameaça registrados no 8º DIP.
“O policial civil assinou o TCO, pelo crime de lesão corporal e por ter entregado uma arma de fogo para uma pessoa não habilitada e pelos crimes responderá em liberdade.
Diante disso, a OAB Amazonas vai encaminhar à corregedoria da Polícia Civil um pedido de afastamento cautelar e exoneração”, declarou o presidente de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Alan Jhonny, presente na unidade policial.
Posição da OAB-AM
O Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Amazonas (OAB-AM), Jean Cleuter Mendonça, reafirmou o compromisso da instituição em garantir que nenhum crime contra advogados e contra vítimas como a babá envolvida fique impune. A OAB-AM foi acionada imediatamente por meio do plantão de Prerrogativas e tomou medidas rigorosas diante da gravidade do ocorrido.
Além disso, a OAB-AM fornecerá assistência para garantir a manutenção da prisão preventiva devido à alta periculosidade do ato cometido e, atuará em conjunto com a Corregedoria da Polícia para solicitar que o Policial Civil seja proibido de portar arma de fogo e buscará seu afastamento cautelar e exoneração do serviço público.
Audiência de Custódia
A OAB-AM está acompanhando de perto a audiência de custódia, que está acontecendo nesta tarde de sávado, 19/8, no Fórum Ministro Henoch Réus, buscando justiça e garantindo que os direitos e a segurança de seus membros sejam preservados.
Defesa do policial
O advogado Adalberto Santos, defensor do investigador de Polícia Civil, Raimundo Nonato Machado, alegou que o “caso não é tão grave assim, foram apenas uma briga banal e o tiro no advogado um disparo acidental”.
Segundo ele, foi “uma confusão entre vizinhos, uma briga de condomínio, que poderia ter sido resolvida em um jantar ou uma reunião. Infelizmente, chegaram em vias de fato, foram agressões tantos verbais quanto físicas”, defendeu.