Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A capital amazonense amanheceu nesta terça-feira, 13/8, pelo quarto dia consecutivo coberta por fumaça proveniente das queimadas. Segundo órgãos oficiais, a maior parte dos focos de calor são registrados no Sul do Amazonas.
O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no Amazonas (Ibama-AM), Joel Araújo, deu mais detalhes sobre como ocorrem as queimadas no estado, que estão gerando a cobertura de fumaça por toda capital.
“Essa é uma região que é amplamente divulgada como o arco do desmatamento, que ocorre naquela região em função da pecuária e outras atividades agrícolas. Infelizmente, é uma região que tem pouca tecnologia aplicada ainda, para aproveitar melhor o solo ou desenvolver melhores espécies de gado criadas ali”, declarou.
De acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), Manaus está com a qualidade do ar avaliada como muito ruim em todas as zonas da cidade. No Sul do estado, os municípios onde ocorrem a maior parte das queimadas – Apuí, Lábrea e Manicoré – registram o nível péssimo de poluição do ar.
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O Sul do Amazonas compõe uma região mais ampla conhecida como “AMACRO”, que também reúne municípios do Acre e de Rondônia, além do Norte do Mato Grosso e do Sul do Pará. Segundo Joel Araújo, os municípios de Apuí, Manicoré, Humaitá e agora, mais recentemente, Novo Aripuanã, Tapauá e Maués têm participado desse contexto.
“A cada ano, produtores ilegais [de gado] sentem a necessidade de ampliar as suas áreas de atuação e acabam fazendo desmatamento. […] São regiões que dão acesso a outras áreas do país que são grandes consumidoras da carne produzida nesses lugares. […] Então, a infraestrutura de escoamento facilitou a produção de carne e a criação de fazendas ali”, explicou o superintendente.
Ciclone Extratropical
O superintendente do Ibama-AM ressaltou que existe um movimento de massas de ar, que carregam a fumaça para a região central do estado, mais precisamente onde está compreendida a capital amazonense, provocada por um ciclone extratropical na região sul do Oceano Atlântico.
“Ela gira toda essa massa de ar formando uma linha diagonal do Sudeste do Brasil até a região ali do Sul do Amazonas e que faz movimentar toda essa massa de ar, consequentemente carregando a fumaça para Manaus. A região metropolitana, nós não consideramos ainda como uma região que tem somado mais na questão da fumaça, mas com certeza já tem dado a sua colaboração”, destacou Joel Araújo.
Até o momento, as equipes do Ibama contam com 85 brigadistas em áreas críticas, como nos municípios de Manicoré e Humaitá, e uma brigada dedicada na Terra Indígena São Félix, em Autazes. “O uso indevido do fogo é um crime e ele precisa ser fiscalizado pelas autoridades, não só pelas autoridades ambientais, mas pelas autoridades de Justiça também”, completou o superintendente.