Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mentiu durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), nesta terça-feira, 20/6, dos atos golpistas de 8 de janeiro. Em seu depoimento, disse que não trabalhou na empresa de blindagem, a Combat Armor Defense do Brasil, com sede em Indaiatuba, a 101 quilômetros de São Paulo.
Além de Vasques, em janeiro, a Combat Armor também nomeou Antonio Ramirez Lorenzo como diretor. Em março de 2022, Lorenzo foi nomeado por Bolsonaro como secretário-executivo do Ministério da Justiça, segunda pessoa mais importante na pasta.
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Perguntado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, se havia trabalhado na empresa, Vasquez debochou da pergunta e negou.
“Eu estou desde o dia que me aposentei procurando emprego. Acho que meu currículo foi apresentado aqui. Ainda não consegui, pois as que quiseram me dar emprego não atenderam às minhas expectativas. Mas, assim que tiver uma oportunidade vou voltar a trabalhar”, disse ele.
Eliziane então insistiu, perguntando se ele procurou a empresa e pediu emprego. O ex-diretor voltou a fazer chacota. “Procurei várias empresas”.
Vasquez então questionou o conflito de interesses em pedir emprego na mesma empresa que se beneficiou com contratos com o governo, ao que Vasquez respondeu: “Eu estou aposentado”.
No entanto, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou a contratação de Silvinei pela empresa, que era de publicidade, e fechou um grande contrato com a PRF durante a diretoria de Silvinei.
“A Combat Armor era uma empresa de publicidade e passou a ser de segurança dois meses depois que o senhor [Silvinei] fez um contrato com eles. No final das contas, já eram R$ 37 milhões em contratos só com a PRF. Depois isso, a empresa cresceu 1.244%”, comprovou o parlamentar.
“Depois que saiu da PRF, aposentado, o senhor disse que foi lá e pediu o emprego e eles não aceitaram. Mas o senhor foi morar em Indaiatuba, chegou a ser vice-presidente da empresa por dois meses. Estava com o senhor também o Bruno, que foi morar em um apartamento. Tinha uma história de um cachorro que a própria Combate Armor ia lá dar alimento”, complementou Correia.
Bate-boca
Em outro momento, a CPMI precisou ser interrompida devido uma discussão entre Eliziane Gama (PSD-MA) e o deputado Éder Mauro (PL-PA).
A relatora perguntou a Vasques se ele confirma que foi acusado de agredir um trabalhador de um posto de gasolina porque se recusou a lavar um carro da PRF. Quando o o ex-diretor respondeu: “Deixa eu explicar, não é verdade”, a relatora insistiu para que a testemunha respondesse apenas “sim” ou “não” à pergunta.
Foi quando Éder Mauro passou a interrompê-la diversas vezes, durante a pergunta ao ex-diretor da PF, irritando-a.
“Deputado, o senhor nem é integrante desta Comissão, então, por favor, se cale. Quem está falando aqui é a relatoria da Comissão. Vá gritar em outro lugar, aqui não. Respeite esta Comissão, cale a sua boca, cale a boca”, insistiu.
Após a confusão, a sessão foi suspensa por cinco minutos por determinação do deputado federal Arthur Maia (União-BA), presidente da CPMI, e retomada em seguida.
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