Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nos últimos anos, o programa “Pé Diabético” vem se mostrando uma iniciativa vital para os pacientes diabéticos atendidos nas policlínicas da rede estadual de saúde do Amazonas. Além de oferecer tratamento para lesões decorrentes da diabetes, o programa desempenha um papel fundamental no apoio multidisciplinar aos cidadãos que buscam ajuda na luta contra essa doença crônica.
A Policlínica Codajás, localizada no bairro Cachoeirinha, zona Sul de Manaus, se destaca como uma das unidades mais proeminentes do programa que é mantido pelo Governo do Amazonas. Ao considerar os atendimentos das cinco policlínicas do Estado, o total de pacientes chega a mais de 273 mil, sendo 235.917 no Ambulatório de Lesões e 37.341 no Ambulatório de Egressos, revelando a abrangência e importância do “Pé Diabético” para a saúde pública no Amazonas.
Depois de oito meses em busca de atendimento especializado, a aposentada Elciney Maria Pinheiro de 67 anos, conta que chegou na policlínica após percorrer vários lugares em busca da cura para uma lesão no pé. “Agradeço toda equipe do programa, pois estou quase de alta e com a lesão bem fechada. Agora é cuidar da alimentação para que não se prolongue esses problemas de saúde. Aqui tive o melhor atendimento, estou muito feliz”, enfatizou a aposentada.
Uma das características da diabetes pode levar a doença arterial periférica, que reduz o fluxo de sangue para os pés, e à redução da sensibilidade devido aos danos nervosos causados pela falta de controle da glicose, o “Pé Diabético” age para evitar complicações mais sérias, como úlceras e infecções, que podem levar à amputação.
É importante destacar que grande parte das amputações pode ser evitada com cuidados regulares e o uso de calçados adequados. Os profissionais envolvidos no programa recomendam que os pacientes mantenham uma rotina de cuidados com seus pés e visitem o médico imediatamente ao identificar qualquer alteração.
Além disso, é crucial abordar o tabagismo, que tem um sério impacto nos pequenos vasos sanguíneos do sistema circulatório, agravando ainda mais a redução do fluxo sanguíneo para os membros inferiores.
De acordo com o diretor geral da Policlínica Codajás, Rainer Figueiredo, o “Pé Diabético” não se limita apenas ao tratamento das lesões crônicas dos pacientes. O programa adota uma abordagem multidisciplinar, contando com a participação de cardiologistas, angiologistas, enfermeiros, terapeutas e nutricionistas para garantir o melhor tratamento possível para os pacientes.
“O programa Pé diabético é aquele que cuida das lesões crônicas dos pacientes. Por sermos uma unidade laboratorial com serviços especializados, os pacientes já vem oriundos de uma unidade básica de saúde, então é aquele ferimento em que ele passa pela ubs e não tem prognóstico melhor e é encaminhado para uma policlínica e faz o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar”, disse o diretor.
A faixa etária dos pacientes atendidos pelo programa é predominantemente entre 40 e 50 anos, mas é importante destacar que a diabetes também afeta jovens.
Cuidado mental
O cuidado com o aspecto mental dos pacientes é uma prioridade do programa, especialmente para aqueles que já enfrentaram amputações devido ao agravamento da doença. Por essa razão, o Programa “Pé Diabético” dispõe de psicólogos para acompanhar os pacientes, ajudando-os a lidar com os desafios emocionais e psicológicos que a condição pode trazer.
“O atendimento vai além do acompanhamento da ferida e o curativo, o programa conta com psicólogos para o acompanhamento dos pacientes. Eles vão regularmente fazer o curativo e quando recebe alta do programa de egressos, continuam o acompanhamento com geologista, enfermeiros para evitar surgir outras feridas”, contou Figueiredo.
Os números alarmantes divulgados pela Sociedade Brasileira de Diabetes, que apontam mais de 13 milhões de brasileiros vivendo com a doença, alertam para a necessidade de ações preventivas e do diagnóstico precoce.
Nesse sentido, o programa “Pé Diabético” desempenha um papel crucial na conscientização e na promoção de cuidados com a saúde. O diretor da Policlínica Codajás, ressalta a importância de falar sobre a doença e alertar as pessoas para que fiquem atentas aos sinais e possíveis ferimentos. Ele enfatiza a necessidade de diagnóstico precoce, pois esse é o primeiro passo para o sucesso do tratamento.
“Esse nosso espaço é para falar para as pessoas que tem essa patologia, tomar cuidado e ficar atento aos sinais e a qualquer ferimento”, destacou Rainer.
O “Pé Diabético” se tornou um exemplo positivo do esforço conjunto das instituições de saúde para combater a diabetes e suas complicações. Os profissionais envolvidos no programa dedicam-se a cuidar dos pacientes e garantir que eles tenham a melhor qualidade de vida possível, mesmo diante dos desafios impostos por essa doença crônica.
A doença
A diabetes é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio essencial para regular a glicose no sangue e fornecer energia ao organismo, a doença pode ter consequências graves.
As altas taxas de glicemia decorrentes da diabetes podem levar a complicações sérias, afetando o coração, as artérias, os olhos, rins e nervos. Em casos mais extremos, a doença pode até mesmo levar ao óbito.
Existem diferentes tipos de diabetes, sendo o Tipo 1 mais comum em adultos, mas também pode se manifestar em crianças. Por outro lado, o Tipo 2 está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados, resultando na insuficiente absorção da insulina produzida.
Outro estágio importante é o pré-diabetes, que é um sinal de alerta do corpo, quando os níveis de glicose no sangue estão elevados, mas ainda não caracterizam o diagnóstico de Diabetes Tipo 1 ou Tipo 2. Esse estágio é frequentemente identificado em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios.
Ademais, o diabetes Gestacional merece atenção, pois ocorre temporariamente durante a gravidez, com taxas de açúcar no sangue acima do normal, mas ainda abaixo do valor para classificação como Diabetes Tipo 2.
Cuidados
A melhor forma de prevenir o diabetes é adotar uma rotina de atividades físicas regulares, aliada a uma alimentação saudável e evitar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas. Esses comportamentos benéficos não apenas protegem contra o diabetes, mas também ajudam a evitar outras doenças crônicas, incluindo o câncer.
Contudo, caso a doença seja diagnosticada, é importante saber que o tratamento adequado é fundamental para evitar ou retardar suas consequências. O acompanhamento médico regular, a utilização de medicamentos apropriados e a realização de exames periódicos são essenciais para controlar o diabetes e tratar possíveis complicações.
Dessa forma, é possível garantir uma melhor qualidade de vida e prevenir problemas mais graves no futuro.